Contação de Histórias - Viagem Literária

6 a 9 de agosto
13 A 16 de Agosto
20 a 23 de Agosto
27 a 30 de Agosto

Módulo_Presencial

Foto: Rogener Pavinski

Ademir Apparício Júnior

Ator-pesquisador, palhaço, contador de histórias, produtor criativo, arte-educador e mímico. Aprendeu a arte de contar histórias com Dolores, sua avó paterna. Formado em Gestão Cultural, diplomado em Mímica Total, Teatro Físico e Arte Dramática. Patrono da cadeira 19 da Academia Brasileira de Contadores de Histórias e membro da Rede Internacional de Contadores de Histórias. Também faz parte do grupo de pesquisas teatrais Coletivo MÓ, coordenado pela atriz-pesquisadora Naomi Silman, da Lume Teatro. Idealizador e produtor do Festival Nacional de Contadores de Histórias no Ciberespaço, realizado com recursos do ProAC Expresso Lei Emergencial Aldir Blanc.

_DATAS E HORÁRIOS

06/08 • 09h | 14h • Sabino
07/08 • 09h | 14h • Lins
08/08 • 09h | 14h • Uru
09/08 • 09h | 14h • Borborema


Foto: Divulgação

Camila Genaro

Antes de se tornar contadora de histórias, era uma "escutadora de histórias", encontrando nas tradições orais e nos clássicos da literatura uma forma de ampliar seu mundo. Atualmente, é reconhecida como referência em história oral, ocupando a posição de acadêmica-patrona da cadeira 18 da Academia Brasileira de Contadores de Histórias. Além de ser apresentadora de TV, palestrante, formadora de novos contadores e influenciadora digital, também se aventura na escrita. Com uma extensa lista de participações em feiras, festivais e encontros de literatura oral, acumula prêmios em reconhecimento ao seu trabalho, incluindo o Prêmio Anita Garibaldi e o Troféu Baobá, considerado o mais importante dos contadores de histórias do Brasil.

_DATAS E HORÁRIOS

06/08 • 09h | 14h • São José do Barreiro
07/08 • 09h | 14h • São Bento do Sapucaí
08/08 • 09h | 14h • São José dos Campos
09/08 • 09h | 14h • Itaquaquecetuba


Foto: Divulgação

Cia. Bisclof

Fundada em 2015, surgiu do desejo em comum de dialogar, por meio da arte, com públicos de todas as idades utilizando linguagem simples, lúdica e divertida, mesclando diferentes linguagens artísticas. Desde então, realiza intervenções artísticas, contações de histórias e oficinas artístico-pedagógicas em diversas programações, espaços e bibliotecas, como unidades do Sesc, BiblioSesc, Sesi, Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural Penha, Galeria Olido, Museu da Imagem e do Som, Viagem Literária, viradas culturais, Mostra Sesc Cariri de Culturas, Bienal Internacional do Livro de São Paulo, Fábricas de Cultura, Recreio nas Férias, entre outras instituições e eventos.

_DATAS E HORÁRIOS

27/08 • 09h | 14h • Lourdes
28/08 • 09h | 14h • Birigui
29/08 • 09h | 14h • Penápolis
30/08 • 09h | 14h • Guaiçara


Foto: Edson Retratos

Cia. Malas Portam

Desde 2007 se dedica ao estudo de linguagens artísticas, como teatro, música, literatura e brincadeiras. Percorreu nove estados brasileiros e participou de treze festivais internacionais. Suas pesquisas resultaram em sete espetáculos de contação de histórias - dois musicais infantis, oficinas e cinco livros: A lagarta caolha, O pé de guaraná, Na beira da lagoa, 99 brincadeiras cantadas, Meu amigo ET e um DVD denominado Kit malas portam, com seis músicas autorais e duas narrações de histórias.

_DATAS E HORÁRIOS

13/08 • 09h | 14h • Adamantina
14/08 • 09h | 14h • Parapuã
15/08 • 09h | 14h • Bastos
16/08 • 09h | 14h • Herculândia


Foto: Izabel Cristina

Cia. Mapinguary

Criada em 2000 por Carlos Godoy com a proposta de contação de histórias com narrativa oral cênica. Tem como fontes inspiradoras o folclore infantil, o teatro de bonecos e os contos populares do Brasil e do mundo. A companhia viaja pelo Brasil se apresentando em bibliotecas públicas, escolas, casas de cultura, centros culturais, livrarias e unidades do Sesc. Em 2014, foi convidada para o Festival Internacional de Contadores de Histórias Akuentajui, na Colômbia.

_DATAS E HORÁRIOS

13/08 • 09h | 14h • Charqueada
14/08 • 09h | 14h • Piracicaba
15/08 • 09h | 14h • Limeira
16/08 • 09h | 14h • Nova Odessa


Foto: Nathalia Kwast

Cia. Pé do Ouvido

Criada em 2013, compartilha contos de tradição oral e narrativas literárias. A dupla participou do Viagem Literária, gravou contações de história no programa Quintal da Cultura, da TV Cultura, e tem se apresentado em bibliotecas, unidades do Sesc, centros culturais e escolas. Em 2021,  montou seu primeiro espetáculo teatral, Os filhos de Iauaretê, a onça-rei, de Kaká Werá, com direção de Thaís Medeiros.

_DATAS E HORÁRIOS

20/08 • 09h | 14h • Ubarana
21/08 • 09h | 14h • Tabapuã
22/08 • 09h | 14h • Monte Aprazível
23/08 • 09h | 14h • Colina


Foto: Malaki

Cia. Rabo de Cutia

Nasce em 2020 com a contadora de histórias e atriz, Sandra Guzmán, e o músico André Gonçalves. Movidos pela inquietação da vivência artística por meio do teatro, da narração de histórias e da música, que vestem o colorido da cultura popular. Soma oito projetos para diferentes públicos, participando do Viagem Literária, viradas culturais, ProArt, festivais nacionais e internacionais com contadores de histórias.

_DATAS E HORÁRIOS

13/08 • 09h | 14h • Pereira Barreto
14/08 • 09h | 14h • Santa Fé do Sul
15/08 • 09h | 14h • Guararapes
16/08 • 09h | 14h • Valparaíso


Foto: Rafael Strabelli

Drika Nunes

Comunicóloga, atriz, contadora de histórias e mediadora de leitura. Atuou como professora de literatura viva no projeto Metamorfoses da ONG Casulo e como professora especialista na arte de contar histórias pela Associação Crescer Sempre. Criadora da Cia. Hespérides, realiza apresentações nacionais e internacionais em teatros, bibliotecas, praças, centros culturais, escolas, livrarias, presídios e hospitais, para públicos de todas as idades. Membro da Red Internacional de Cuentacuentos. Em 2023, tornou-se patrona na Academia Brasileira de Contadores de Histórias, ocupando a cadeira  8, e recebeu o Troféu Baobá, considerado o mais importante dos contadores de histórias do Brasil.

_DATAS E HORÁRIOS

20/08 • 09h | 14h • Presidente Venceslau
21/08 • 09h | 14h • Rosana
22/08 • 09h | 14h • Narandiba


Foto: Divulgação

Ih, Contei!

Leandro Pedro e Elton Pinheiro são contadores de histórias e fundadores da companhia, criada em 2012, que trabalha nas áreas de literatura, artes cênicas e cultura popular. Desenvolvem projetos de contação de histórias, publicação de livros, oficinas, festivais, intervenções poéticas, produções especialmente voltadas à infância, com atividades que já passaram por mais de 60 cidades do Brasil.

_DATAS E HORÁRIOS

12/08 • 09h | 14h • Ibaté
13/08 • 09h | 14h • Franca
14/08 • 09h | 14h • Batatais
15/08 • 09h | 14h • Cravinhos


Foto: Divulgação

Juvenal Bernardes

Contador de histórias, palhaço, escritor e editor. Publica seus cordéis A guerra do macaco com a onça, Cordel patrimonial, Contos populares em cordel e Tato, o tatu pela Manuguita Edições. Como contador de histórias desenvolveu vários projetos, como A Hora do Conto na Escola e Passa na Praça.

_DATAS E HORÁRIOS

20/08 • 09h | 14h • Ibiúna
21/08 • 09h | 14h • Itapevi
22/08 • 09h | 14h • Cotia
23/08 • 10h | 15h • São Paulo - BSP


Foto: Paulo Savala

Kiara Terra

Cursou Arte Dramática e Comunicação das Artes do Corpo, com habilitação em Performance Arte. É doutoranda em Sociologia da Infância, em Portugal. Em 1998 iniciou a pesquisa do método de narrativas colaborativas a partir da escuta das perguntas dos públicos e fundou a metodologia A História Aberta, que integra oralidade e improvisação. Nos últimos 15 anos viajou por diversos lugares formando educadores e participou de importantes iniciativas nacionais e internacionais ligadas à defesa dos direitos das crianças e dos jovens.

_DATAS E HORÁRIOS

13/08 • 09h | 14h • Marília
14/08 • 09h | 14h • Vera Cruz
15/08 • 09h | 14h • Garça
16/08 • 09h | 14h • Pederneiras


Foto: Marcela Beltrão

Lígia Borges

Doutora, mestre e licenciada em Artes Cênicas, atua como educadora de artes. Foi professora de teatro na referência de integração de linguagens artísticas nas infâncias. Fundadora e integrante da Cia. Ginga e Prosa, que circulou em diversos espaços culturais contando histórias. Já atuou como encenadora, atriz e performer em grupos diversos de teatro na cidade de São Paulo.

_DATAS E HORÁRIOS

27/08 • 09h | 14h • Mococa
28/08 • 09h | 14h • Santa Cruz das Palmeiras
29/08 • 09h | 14h • Porto Ferreira
30/08 • 09h | 14h • Cordeirópolis


Foto: Priscila Beal

Mandingueiras da Pracinha

Formada em 2017 pelas contadoras de histórias, brincantes e capoeiristas Paula Castro e Camila Signorini, a companhia atua com narrações de histórias, brincadeiras populares cantadas, mediações, aulas, vivências e oficinas culturais em diversos espaços e programas educacionais e culturais. Participou da Virada Cultural, do Festival Literário de Votuporanga, do Viagem Literária, da reinauguração do Teatro Municipal Humberto Sinibaldi e produziu o espetáculo Quintal de Encantarias. Atualmente desenvolve os projetos Conto! e Água de Beber, ambos contemplados pela Lei Paulo Gustavo.

_DATAS E HORÁRIOS

20/08 • 09h | 14h • Cananéia
21/08 • 09h | 14h • Itanhaém
22/08 • 09h | 14h • Cubatão
23/08 • 9h30 | 15h • São Bernardo do Campo


Foto: Gustavo Levine

Márcio Maracajá

Atua em várias frentes artísticas, como ator, contador de histórias, diretor, cenógrafo, educador e fundador da Cia. de Projetos Cênicos e da Cia. Sá Totonha. Sua alma andarilha segue passos da velha senhora Totonha, personagem de José Lins do Rego, sua grande fonte de inspiração. Multiartista pernambucano falando para o mundo.

_DATAS E HORÁRIOS

06/08 • 09h | 14h • São Sebastião
07/08 • 09h | 14h • Guararema
08/08 • 09h | 14h • Santo André
09/08 • 09h | 14h • Diadema


Foto: Lara Valença

Mari Bigio

Escritora, cordelista, contadora de histórias, compositora, cantora e radialista com 17 anos de carreira, tendo recebido diversos prêmios ao longo dessa trajetória. Possui dezenas de cordéis e 17 livros infantis publicados, além de álbuns musicais e canções disponíveis para escuta nas principais plataformas digitais. No seu canal no YouTube é possível encontrar algumas de suas histórias, nas quais mistura cordel, música, sonoplastia, teatro de bonecos, mamulengos, fantoches e outros recursos cênicos.

_DATAS E HORÁRIOS

20/08 • 09h | 14h • Pinhalzinho
21/08 • 09h | 14h • Itatiba
22/08 • 09h | 14h • Caieiras
23/08 • 10h | 15h • São Paulo - BVL
27/08 • 09h | 14h • Pardinho
28/08 • 09h | 14h • Itapetininga
29/08 • 09h | 14h • Tatuí
30/08 • 09h | 14h • Itu


Foto: Divulgação

Tricotando Palavras

Pesquisa o teatro, a contação de histórias, a música e as manifestações populares brasileiras há 13 anos. Realiza apresentações por todo o Brasil, circulando por unidades do Sesc, escolas, bibliotecas e espaços culturais diversos.

_DATAS E HORÁRIOS

27/08 • 09h | 14h • Barão de Antonina
28/08 • 09h | 14h • Ourinhos
29/08 • 09h | 14h • Santa Cruz do Rio Pardo
30/08 • 09h | 14h • Lençóis Paulista


Blog

Fique por dentro de tudo o que acontece nos três módulos do Viagem Literária!

Davi Boaventura comenta a importância dos prêmios literários e lembra:

Davi Boaventura comenta a importância dos prêmios literários e lembra: "é preciso ter cuidado, não dá pra alimentar a vaidade"

Davi Boaventura é um autor com uma trajetória marcada por reflexões sobre a literatura e sua interseção com outras formas de expressão, como a fotografia. Ele publicou livros como "Mônica vai jantar", que foi adaptado para o teatro e concorreu ao Prêmio São Paulo de Literatura, e vê o reconhecimento em premiações como como uma importante plataforma para divulgar obras que fogem dos circuitos mais comerciais, permitindo que escritores alcancem públicos mais amplos. “O Prêmio São Paulo trouxe camadas diferentes para a recepção do livro, uma certa atenção aos detalhes do texto e uma quantidade maior de resenhas e retornos, que mexeram bastante com minha própria relação com a literatura.”, disse Boaventura.Nesta entrevista, o escritor, tradutor e fotógrafo, que percorreu entre os dias 1 e 4 de outubro bibliotecas municipais das cidades de Cananéia, Itanhaém, Cubatão e São Bernardo do Campo, durante a 16ª edição do programa Viagem Literária:  módulo Encontros com Escritores - Prêmio São Paulo de Literatura – fala também sobre as principais influências em sua formação como escritor e ainda dá dicas aos aspirantes a escritores sobre o hábito da leitura: “Conhecimento acumulado não tem muita serventia se você não sabe ligar os pontos. Prefiro ler alguém que, com dez livros, faz uma pizza maravilhosa do que quem transforma duas bibliotecas em uma gororoba”, destacou.Sobre a relação entre fotografia e escrita criativa, Boaventura explora essa intersecção em sua própria prática. Ele acredita que experiências visuais, incluindo a fotografia, moldam e influenciam a maneira como escritores constroem narrativas​. Confira abaixo a entrevista na íntegra! Prêmios literários costumam ser marcos importantes na trajetória de escritores. Em sua opinião, como esses prêmios podem impactar a carreira de um autor, tanto em termos de visibilidade quanto de reconhecimento artístico?Davi: Olha, um dado que sempre me impressiona é saber que, todo ano, a publicação de novos livros no Brasil ultrapassa a casa das dezenas de milhares, isso sem contar muitas das produções artesanais, zines e plaquetes, títulos que muitas vezes sequer têm ISBN ou registro formal. Então, em um mercado tão saturado, às vezes é bem difícil encontrar um público que de fato leia seu livro. A pessoa precisa saber que seu livro existe, precisa escolher comprar seu livro ao invés de comprar o best-seller da semana, precisa querer leu seu livro ao invés de pegar um outro na pilha dos não lidos. Então concordo muito quando dizem que a chancela de um prêmio funciona como um filtro muito poderoso. É verdade, joga um holofote sobre sua literatura, uma luz que, talvez, de outra forma, você não tenha tanto acesso, e isso ajuda muito para que as pessoas conheçam seu trabalho. Aí de repente você descobre que um casal de Belém está lendo seu livro, que uma turma de escritores de Porto Alegre está estudando seu estilo, que uma amiga sua de Maceió adorou determinado trecho e fez uma performance com ele nas redes sociais, que um grupo de mulheres de Jundiaí resolveu adaptar seu livro para o palco, é esse tipo de conexão que faz a literatura valer a pena. Porque, se uma parte do processo é solitário, você com o texto dentro da sua cabeça, não acontece nada sem a outra ponta, sem as pessoas com o livro na mão. Não acho que o texto seja um fim em si mesmo. Acho que o texto é o começo de uma conversa. É uma obra aberta.No cenário literário atual, você acredita que os prêmios ainda são fundamentais para legitimar a qualidade de uma obra ou autor, ou existem outras formas tão importantes de se destacar?Davi: O mundo mudou muito, não tem como negar esse fato. E, com a onipresença da internet e dos algoritmos, os caminhos se diversificaram, estamos vivendo entre várias comunidades esparsas e que nem sempre conversam umas com as outras. Às vezes você escuta o nome de uma pessoa pela primeira vez e, quando vai ver, essa pessoa tem oito milhões de seguidores no Instagram. Como várias outras pessoas já disseram, acredito que a grande questão hoje é descobrir como não se perder no meio da multidão, é entender quais são os pontos de referência confiáveis, quem são os novos “porteiros” ─ os gatekeepers - sobre os quais o jornalismo fala há, sei lá, mais de cem anos ─, separar o que é barulho e o que não é. Por isso acho que, nesse sentido, por mais que os prêmios sejam também reflexos de um grupo de jurados, e sejam influenciados por diversos aspectos culturais, não dá para ignorar que eles ainda têm um peso bem importante no reconhecimento de um livro. A curadoria hoje, do ponto de vista relativo, tem até mais importância do que antes. Quais prêmios ou reconhecimentos literários você considera mais marcantes em sua própria carreira? E como essas conquistas influenciaram sua trajetória como escritor?Davi: A indicação ao Prêmio São Paulo de Literatura, com certeza, foi o mais marcante, pelo tamanho do prêmio, pela importância nacional, por ter levado o livro para alguns lugares que ele não teria como chegar sem esse reconhecimento, mas também pelo momento em que aconteceu, no final de 2020, auge da pandemia, eu e minha ex-companheira trancados em um apartamento em Curitiba, foi uma coisa que mexeu muito com meu emocional. Talvez tenha sido um dos momentos que mais me fez entender o que é ser um escritor, o que é “trabalhar com literatura”, e não ter somente uma aproximação diletante com a escrita. Claro, os prêmios gaúchos para  “Mônica vai jantar” também foram bem importantes, pelo peso simbólico de me sentir aceito por aquela comunidade ─ porque, afinal, sou um escritor de Salvador que morou seis anos em Porto Alegre e mais cinco anos em Curitiba - e publico por uma editora gaúcha independente ─, e esse sentimento foi muito forte, mas o São Paulo trouxe camadas diferentes para a recepção do livro (, uma certa atenção aos detalhes do texto e uma quantidade maior de resenhas e retornos, que mexeram bastante com minha própria relação com a literatura. Ao mesmo tempo, esse movimento te mostra também como é preciso ter cuidado, como não dá pra alimentar a vaidade, a vida continua igual. É trabalho. Sentar e tentar escrever o melhor que você pode, dentro das suas condições, fazendo o máximo para não se enganar.Como a leitura de diferentes gêneros e autores influenciou sua prática escrita? Você acredita que a leitura é uma das ferramentas mais poderosas para aperfeiçoar a escrita de um autor?Davi: Bom, eu cresci em uma cidade turística, acostumada a receber gente dos mais diferentes estados e países, e gosto muito da ideia de que você pode encontrar inspirações artísticas até nas fontes mais inesperadas, então, para mim, acho que a mistura é essencial. O resultado pode até ser um texto, mas a origem desse texto parte de um grande caos criativo e entra um pouco de tudo: filme, música, pinturas, outros livros, uma conversa, uma aula de pilates. Um dos exercícios que mais gostei de fazer, por exemplo, e que, se tudo der certo, deve virar um livro infantil em breve, é tentar traduzir uma cor em palavras. A leitura, com isso, em uma chave mais ampla, precisa operar junto com o pensamento crítico, com o olhar atento, com o cuidado de buscar os estímulos variados e transformar tudo aquilo em algo que faça sentido para você e para seu trabalho. Até porque quem escreve não escreve isolado do resto da sociedade, escrever é sempre um ato ético de se estar no mundo. Quais foram as leituras mais impactantes em sua formação como escritor, e de que maneira elas moldaram seu estilo ou abordagem literária?Davi: Não acho que eu seja um escritor formado, acho que, em cada época, a gente se torna um escritor diferente, com formações diferentes, com perspectivas que podem ser muito distintas das perspectivas que tínhamos alguns anos atrás, principalmente porque um livro não se escreve em um dia, às vezes a gente leva anos com o mesmo texto e vai amadurecendo junto com ele. Quando lancei meu primeiro livro, ainda em 2012, minha principal influência talvez tenha sido “O apanhador no campo de centeio”, de J.D. Salinger. Mas, para o “Mônica vai jantar”, por exemplo, o estilo de Raduan Nassar em “Um copo de cólera” foi importantíssimo para eu descobrir meu próprio estilo de escrita. De uns anos pra cá, a escritora britânica, de origem nigeriana, Bernardine Evaristo, tem sido uma figura que volta e meia me aparece no pensamento. James Baldwin é outro que tem andado bem perto. O último livro de Julia Dantas, por exemplo, me fez pensar sobre a possibilidade de humor mesmo no meio da tragédia. Você pega um pouco de cada pessoa e tenta criar um todo coeso. Para mim, inclusive, a questão sempre parte do seguinte princípio: como escrever algo que é seu, mas, ao mesmo tempo, não é apenas uma mera repetição do que você já fez?Que conselhos você daria para aspirantes a escritores sobre o hábito da leitura? Existem práticas que você considera essenciais para uma leitura que contribua significativamente para o desenvolvimento da escrita?Davi: Um arquiteto e artista plástico mineiro que mora em Curitiba e foi uma das pessoas mais interessantes que conheci nos últimos anos uma vez me disse o seguinte: é só fazer as contas, se você ler três páginas por dia, no final de um ano você já vai ter lido mais de mil páginas. Então acho que uma das primeiras coisas que a gente precisa desmistificar é que, para ler, a pessoa precisa passar horas parada com o livro na mão. Você lê quantas páginas quiser, pelo tempo que quiser ─ assim como também é preciso ter em mente que ninguém é obrigado a ler dois mil livros para começar a escrever, nem ficar na briga entre ter que ler os clássicos ou acompanhar a produção contemporânea, ou só botar no papel depois de estudar profundamente todos os detalhes da história. O importante, na minha opinião, é aprender a construir associações, estabelecer conexões consistentes e interessantes, até imprevisíveis. Conhecimento acumulado não tem muita serventia se você não sabe ligar os pontos. Prefiro ler alguém que, com dez livros, faz uma pizza maravilhosa do que quem transforma duas bibliotecas em uma gororoba. Você pode nos contar um pouco sobre sua trajetória profissional como escritor? Houve momentos específicos que marcaram uma virada em sua carreira?Davi: Sempre acho meio engraçado pensar em termos de carreira literária porque uma coisa que precisa melhorar muito no mercado literário brasileiro é justamente o profissionalismo. Fora algumas boas exceções, existem ainda muitas empresas amadoras no meio e algumas editoras não podem nem ser chamadas de editoras, são apenas gráficas mesmo. Você, enquanto profissional da área, é obrigado a se virar nos trinta, e às vezes nem sobra tempo ou ânimo para aquilo que é o que você gosta mesmo de fazer, que é escrever. Mas consigo pensar em dois momentos bem significativos na minha trajetória, dois pontos de virada. O primeiro, em 2013, foi quando me mudei para Porto Alegre para fazer o mestrado em Escrita Criativa da PUCRS, porque tive contato na sala de aula com muita gente muito qualificada e isso me trouxe não só outra visão de mundo e da literatura como também um novo padrão de exigência ─ não dava para escrever qualquer coisa e mostrar pra aquelas pessoas, eu precisava me esforçar ─, sem falar no choque cultural que foi sair da Bahia e me abrigar no Rio Grande do Sul. Foram seis anos em Porto Alegre e não tenho dúvidas de que não saí a mesma pessoa de quando cheguei. O segundo momento aconteceu a partir de 2021, quando comecei uma transição para o mundo da tradução e por lá fiquei, trabalhando em mais de duas mil páginas em um período bem curto. Com a tradução, não sei, parece que você acessa outra dimensão da literatura, você conhece as entranhas do texto, aprende como ele funciona e como faz o que ele faz. Não tem como passar ileso por essa experiência.Sabemos que além de escritor, você tem uma relação forte com a fotografia. Em suas experiências com fotografia, há algo que você aprendeu ou desenvolveu que foi fundamental também para a sua prática de escrita?Davi: Fotografia é sem dúvida uma das coisas que mais amo no mundo. Quando era adolescente, minha mãe me deu uma câmera básica, mas, como eu não sabia bem o funcionamento da máquina, acabava cortando várias cabeças nas fotos e meus amigos da época me tripudiavam bastante. Comecei a fotografar mais a sério na faculdade, no laboratório de fotografia da UFBA, e queria me profissionalizar na área. Mas fiquei com medo. Olhava pras fotos de um amigo meu e pensava: “Caramba, nunca vou conseguir fotografar desse jeito”. Mas, depois, me dei conta de que talvez pudesse fazer no texto o que ele fazia na imagem, e aí me voltei pra escrita e comecei a desenvolver meu estilo, mais “agitado”, por assim dizer. Alguns anos mais tarde, a paixão voltou. E tanto o “Mônica” quanto o livro que estou escrevendo agora começaram a surgir a partir de uma fotografia, uma foto que eu olho e penso: “quero traduzir essa imagem em um texto”. É uma tradução bastante livre, claro. Começa em uma coisa e vai terminar em outra. Mas a imagem acaba sendo uma baliza muito forte. Outra coisa que me encanta muito na fotografia é o acaso, o imediatismo do inesperado, a imprevisibilidade. Talvez por isso eu não costume fazer planejamentos e esquemas muito rígidos para um livro. Tenho uma ideia geral, defino alguns pontos importantes e vou escrevendo. Se decidir mudar na hora, se o inconsciente trouxer alguma ideia diferente, tá tudo bem, só vou e lá na frente decido o que fazer com as curvas. Pode ser meio trabalhoso, porque você precisa voltar pro início do texto para ajeitar algumas pontas soltas, mas acho que ter essa liberdade é essencial para não transformar a criação em uma produção mecânica. O pior que pode acontecer hoje, na minha opinião, é entregar para as pessoas uma literatura chat-gpt, sem tempero nenhum.Continue acompanhando a programação completa de Encontros com Escritores - Prêmio São Paulo de Literatura por aqui! Foto: Davi Boaventura (crédito: Flor Reis)
“Escrever é aprender até o fim da vida, este é o grande desafio”, diz Ignácio de Loyola Brandão

“Escrever é aprender até o fim da vida, este é o grande desafio”, diz Ignácio de Loyola Brandão

Presente em várias edições do Viagem Literária, o renomado escritor brasileiro, Ignácio de Loyola Brandão, marca sua presença mais uma vez na jornada de 2024, dando a largada na última etapa do programa – o módulo Encontros com Escritores: Prêmio São Paulo de Literatura -, que ao aproximar os escritores de seus públicos, vai resgatar a memória desse prêmio tão reconhecido internacionalmente e mais de uma década de protagonismo no cenário da Literatura Brasileira. Entre os dias 1 e 3 de outubro, o autor circula, pelas bibliotecas municipais das cidades de Presidente Venceslau (1/10), Rosana (2/10) e Narandiba (3/10). Nesta entrevista, o jornalista e escritor expressa uma visão muito positiva sobre programas de incentivo à leitura, como o Viagem Literária: “O ineditismo da Viagem é levar a recantos os mais distantes, longe das capitais, escritores profissionais, com carreira consolidada e dispostos a repartir experiências, mostrar problemas, desmistificar ilusões, contando como é o ofício na realidade”, acredita o autor. Ele também apresenta sua postura crítica e reflexiva em relação à literatura, prêmios literários e o incentivo à leitura no Brasil. Para Brandão, os prêmios não devem ser o objetivo principal de um escritor, sendo que o mais importante mesmo é o foco no compromisso com a qualidade do que se escreve, não necessariamente na busca de reconhecimento por meio de premiações. Inácio de Loyola Brandão também costuma aconselhar novos escritores a perseverarem e serem persistentes, e destaca que escrever é um ofício que exige prática, disciplina e dedicação.Confira a entrevista! Como o senhor vê o impacto dos programas de incentivo à leitura, como a Viagem Literária, para a formação de novos leitores e escritores?Ignácio: O ineditismo da Viagem é levar a recantos os mais distantes, longe das capitais, escritores profissionais, com carreira consolidada e dispostos a repartir experiências, mostrar problemas, desmistificar ilusões, contando como é o ofício na realidade. Ser escritor é um mito. Que se alcança com luta, trabalho, esforço e prazer. Nós procuramos mostrar dificuldades, realidades, com dicas, alguma orientação. Por exemplo: se você não sabe a sua língua, não sabe escrever ou não está disposto a aprender, a se sacrificar, desista. Escrever é trabalho árduo, ainda que cheio de prazer.   Na sua opinião, de que maneiras os prêmios literários influenciam a trajetória de um escritor, tanto no início quanto nas fases mais consolidadas da carreira?Ignácio: Prêmios são incentivos, empurrões, uma alavanca para você se dedicar ao trabalho. Mas de nada adianta você se sentar e dizer: escrevo para ganhar um prêmio. O que você deve pensar ao sentar-se é: quero escrever a melhor história do mundo, do meu jeitoOs prêmios literários são essenciais para o reconhecimento de um autor no Brasil? Como eles moldaram sua própria carreira? E que conselho você daria para alguém que está começando a escrever e deseja construir uma carreira literária?Ignácio: Moldar não molda. O prêmio. No máximo te dá animo para lutar e continuar.  O que constrói uma carreira é o sentar e escrever, o procurar assunto, conhecer o país, o saber criar. E escrever, ler muito, ler tudo de bom que aparece, ler sobre o Brasil, nossos problemas. Perguntar. O escritor pergunta o tempo inteiro o que é, o que está acontecendo, o que ele está vendo. O escritor precisa tentar explicar o mundo. Portanto é fundamental mergulhar na vida. O prêmio te dá, por um tempo rápido, publicidade, você se torna conhecido, portas podem se abrir. E também um dinheirinho. Ao escrever, foque na sua história e digite, encha o papel com seus personagens. Prêmio nos estimula, mas é passageiro. E difícil de ganhar, a concorrência é grande. É loteria.Além do reconhecimento, que outros efeitos uma premiação literária pode trazer para a vida de um escritor?Ignácio: Felicidade, prazer, ser reconhecido, ver seu nome circulando, apontam para você, te chamam para dar entrevistas, infla o ego, você se acha o máximo. Mas tudo isso pode também acabar. Tem curta decoração. Vai ter de se habituar a uma gangorra. Mas até é divertidoComo equilibrar o desejo de criar algo original com as influências inevitáveis ​​de outros autores e referências literárias?Ai a porca torce o rabo. Você pode gostar muito de um escritor, e gostaria de escrever como ele. Não tem como. Ou tentando escrever igual, você descobre a sua própria forma de escrever. A escrita vem lenta para dentro de nós, desde que você, escreva, escreva, escreva, escreva. Você pode, ao ler, descobrir as manhas, o estilo, as maneiras como certo autor que você adora, escreve.Este é o momento mais interessante da escrita: o do aprendizado, do mergulhar no sabe fazer, no descobrir seu estilo, no ter coragem de escrever e rasgar, e recomeçar. Aos 88 anos, depois de ter escrito 59 livros e começando mais um romance, percebo certas armadilhas e modos de ser. Escrever é aprender até o fim da vida, e este é o grande desafio, o que nos leva para a frente. Já teve dias que, no final, descobri que escrevi uma única bela frase, boa verdadeira, profunda, atraente, leve. E ela valeu a pena o tempo que você gastou. E você fica feliz. Aquilo é o que você tinha tentado escrever desde que começou. Escrever é delirar a cada instante.Ignácio de Loyola BrandãoJornalista e escritor, Bandão passou pelas redações dos periódicos brasileiros Claudia, Última Hora, Realidade, Planeta, Ciência e Vida e Vogue, e do francês Lui. Atualmente é colunista do jornal O Estado de S.Paulo. Tem 45 livros publicados, entre romances, contos, crônicas, relatos de viagens e literatura infantil, com tradução para diversos idiomas. Com O menino que vendia palavras (Companhia das Letrinhas) ganhou o Prêmio Jabuti. Recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra e foi eleito por unanimidade para ocupar a cadeira 11, que pertencia a Helio Jaguaribe. Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela (Global) foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura.Confira neste link a programação completa do – o módulo Encontros com Escritores: Prêmio São Paulo de Literatura e continue a nos acompanhar por aqui! 
Viagem Literária, um cordel de verdades

Viagem Literária, um cordel de verdades

VIAGEM LITERÁRIAPor Juvenal Verdades*Já imaginou viajarNo colo da poesia?Ouvir cor de passarinhoQue o poeta ouviu um dia,Revoar fora da asaNa invenção das cantorias?Já imaginou viajarNa cadência do cordel,Na dança leve dos versosQue flutuam no papelCom o colorido das rimasQue cirandam em carrossel?Já imaginou viajarNas palavras encantadasQue vivem soltas nos livrosDe histórias imaginadas,Que contam tanto de nósInda que sejam inventadas?Pois tal viagem existe,Afirmo e posso provar!Não é viagem por terra,Por mares, rios ou ar.É viagem que nos levaSem nos tirar do lugar!Maior que submarinaMais que interplanetária,A viagem de que falo,Dos sonhos é tributária!É, senhoras e senhores,A VIAGEM LITERÁRIA!Vem viajar com a gente!Vamos pra São Saruê,Para Macondo, PasárgadaE as terras que ninguém vê,Mas que, no entanto, existem, Sabemos eu e você.Vem viajar com a genteDentro da literatura!São histórias de amor,De suspense, aventura!Vem com a gente pra VIAGEM,Vem pro mundo da leitura!*Juvenal "Verdades" Bernardes é contador de histórias, palhaço, escritor e editor. Publicou os cordéis A guerra do macaco com a onça, Cordel patrimonial, Contos populares em cordel e Tato, o tatu pela Manuguita Edições. Ele participou do módulo Contação de Histórias - Literatura de Cordel nas cidades de Ibiúna, Itapevi, Cotia e São Paulo. Leia também a crônica "Eu escuto a cor dos passarinhos", de Jaiane Conceição.