<\Blog
Seminário Internacional Biblioteca Viva em destaque na Folha de S.Paulo
A 15ª edição do Seminário Internacional Biblioteca Viva que,
neste ano, fez uma imersão pelos caminhos da IA para inovação, colaboração e
inclusão no contexto das bibliotecas públicas, foi destaque do jornal Folha de
S.Paulo.
O jornalista Vicente Vilardaga publicou em sua coluna Andanças na Metrópole, na Folha de S.Paulo, o artigo “IA chega às bibliotecas comunitárias de Parelheiros”, em que narra a experiência de diversos projetos desenvolvidos no bairro da periferia do extremo sul da cidade de São Paulo. O texto destaca o protagonismo do pedagogo Bruno Souza, gestor e mediador da Caminhos da Leitura, que atua na área social nas regiões de Parelheiros e Jardim Ângela. Bruninho, como é conhecido, participou do “Fórum Rede Clubes de Leitura SisEB”, atividade realizada na Biblioteca de São Paulo como parte integrante do Seminário.
Confira abaixo o artigo na íntegra:
IA chega às bibliotecas comunitárias de Parelheiros
Novas tecnologias promovem a inclusão digital de jovens
leitores da periferia
A IA (Inteligência Artificial) ainda parece uma
tecnologia elitista, misteriosa para alguns, inacessível para outros. Mas as
barreiras de uso estão caindo, ela está sendo desmitificada e com um simples
smartphone é possível aproveitar todo seu potencial e utilizá-la para encurtar
caminhos na execução de tarefas como produção de textos complexos e pesquisas
aprofundadas. Por causa disso, ela começa a alcançar públicos que até pouco
tempo estavam distantes da inclusão digital.
É o caso das bibliotecas comunitárias de Parelheiros,
bairro periférico da zona sul, onde se concentra uma das maiores reservas de
Mata Atlântica da cidade de São Paulo. O bairro tem cinco bibliotecas desse
tipo, mantidas por moradores e surgidas depois da pandemia. A primeira é a
Caminhos da Leitura, no subdistrito Jardim Silveira. Há também a Casa
das Histórias, no Nova América, a Sinfonia das Marias, na Barragem, a Ubuntu,
no Jardim São Nicolau, e a Azul das Ondas, em Vargem Grande.
Todas contam com gestores e mediadores de leitura,
habitantes das localidades onde estão inseridas, e funcionam como uma rede
colaborativa. Cada uma delas atende a população local, principalmente crianças,
e está localizada próxima de escolas. As bibliotecas têm autonomia para fazer
sua programação, criar grupos de estudos e promover eventos e ações sociais. A
Caminhos da Leitura iniciou atividades no Cemitério de Colônia, o mais antigo
da cidade, fundado em 1829. Hoje, num imóvel alugado, possui um acervo de sete
mil livros, todos de literatura. Diariamente, recebe de 10 a 15 pessoas.
"A IA tem feito parte cada vez mais do nosso
cotidiano", diz o pedagogo Bruno Souza, gestor e mediador da Caminhos da
Leitura. "A tecnologia ajuda a enfrentar os obstáculos que se
apresentam." Souza acredita que as bibliotecas comunitárias usando a IA
podem ser espaços capazes de democratizar o acesso à cultura e também construir
ambientes seguros para que crianças, jovens e mulheres possam experimentá-la de
um jeito seguro.
A Caminhos da Leitura usa o Chat GPT para
pensar, por exemplo, um texto para uma postagem nas mídias sociais de suas
iniciativas e para ajudar a pesquisar referências bibliográficas. O problema é
que a biblioteca funciona em uma região periférica, onde nem todo mundo tem
acesso a um smartphone ou a um sinal de internet de qualidade, que permita o
uso pleno das tecnologias.
Ainda há um grande espaço para expandir o uso da IA. Além
das utilizações mais primitivas, ela pode ser uma aliada na automatização de
processos, auxiliando na gestão de empréstimos de livros, devoluções e no
monitoramento do acervo, e na acessibilidade, permitindo que deficientes
visuais tenham acesso à leitura, permitindo a conversão de textos em falas e
possibilitando traduções automáticas.
Também permite recomendações personalizadas de livros
baseadas nos interesses e no histórico de leitura e a criação de conteúdos
educativos interativos, como tutoriais, quizzes e jogos, que podem
auxiliar na alfabetização. Outra utilidade é analisar os livros mais
emprestados e o perfil dos usuários. "A IA e a cultura digital podem e
devem funcionar como aliados para construir uma sociedade cada vez mais
habilidosa e preparada para lidar com as tecnologias", diz Souza, que
participou do 15º Seminário Internacional Biblioteca Viva, no último dia 12, no
Parque da Juventude.
Hoje as bibliotecas de Parelheiros não são beneficiadas
por qualquer tipo de apoio governamental ou não governamental, mas usa verbas
da organização Ibeac (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio
Comunitário) e recebe doações. O maior obstáculo para o desenvolvimento dos
centros de leitura é a questão dos recursos, tanto os humanos, como para a
compra de acervo e a manutenção do espaço. "Acho que a IA somada com as
relações humanas pode ajudar a construir caminhos para elaborar perguntas que
façam sentido e respostas que mobilizem mais comunidades e pessoas",
afirma Souza.
A coluna Andanças na Metrópole também pode ser acessada
neste link: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/andancas-na-metropole/2024/09/ia-chega-as-bibliotecas-comunitarias-de-parelheiros.shtml