Confira como foi o último dia da 15ª edição do Seminário Biblioteca Viva na BSP - Biblioteca Viva
 

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Confira como foi o último dia da 15ª edição do Seminário Biblioteca Viva na BSP

A Biblioteca de São Paulo (BSP) realizou, no último dia 12 de setembro, duas atividades que encerraram com chave de ouro a programação da 15ª edição do Seminário Internacional Biblioteca Viva, que neste ano, fez uma imersão pelos caminhos da IA para inovação, colaboração e inclusão. 

Os encontros foram uma oportunidade para o público interessado em aprofundar ainda mais os temas debatidos durante o Seminário, que ocorreu entre os dias 10 e 11 de setembro, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo - celebrando seus 15 anos de história como um dos mais importantes eventos da área em toda a América Latina, além de marcar os 40 anos do SisEB.  

Participantes de todo o Brasil lotam auditório da BSP para discutir clubes de leitura e utilização de IA em bibliotecas

Pela manhã, o “Fórum Rede Clubes de Leitura SisEB” reuniu o gestor de projetos angolano, Dilson Maria Cardoso, o pedadogo Bruninho Souza e a mediadora de clubes de leitura, Julia dos Santos Oliveira (UFSCAR), para um bate-papo instigante conduzido pelas mediadoras de leitura Charlene Lemos, Janine Durand e Luciana Gerbovic. Os convidados tiveram a oportunidade de contar suas experiências e projetos de clubes de leitura em diferentes contextos.


“Fórum Rede Clubes de Leitura SisEB" - 15o Seminário Internacional Biblioteca Viva

No mesmo dia, no período da tarde, o minicurso gratuito “Quais ferramentas de IA podem ser usadas em bibliotecas?” lotou o auditório e os espaços da BSP em uma atividade comandada pelo convidado internacional Philippe Colomb (Comitê Francês Internacional de Bibliotecas e Documentação, França), tendo como mediadora, Marina Rabelo, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas/MinC.

Auditório BSP: minicurso "Quais ferramentas de IA podem ser usadas em bibliotecas?”


Veja abaixo os melhores momentos do último dia do Seminário na BSP  

Fórum discute clubes de leitura e seus impactos na sociedade

A potência da prática cultural da leitura coletiva, o papel dos clubes de leitura na formação de leitores e a importância das parcerias para implementar iniciativas dessa natureza, foram os temas centrais dos debates. Além disso, os palestrantes contaram sobre as motivações que os levaram a participar de projetos de leitura e literatura tão relevantes para a população.


Mediadoras: Charlene Lemos, Janine Durand e Luciana Gerbovic (Crédito: Ricardo Matsukawa)


Bruno Souza: sonhos de expansão para o projeto da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, em Parelheiros, SP


Bruno Souza é um jovem mediador de leitura da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura e trouxe notícias sobre o processo de criação do projeto, inaugurado, em 2009. Conhecido como Bruninho, atua na área social na região de Parelheiros e Jardim Ângela, em São Paulo. Pedagogo, como formação em Direitos Humanos pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC),  ele falou sobre o início do projeto da biblioteca, que contou com a dedicação e criatividade de jovens de Parelheiros, os chamados Escritureiros. O primeiro acervo adquirido deu vida ao espaço. O coletivo passou a desenvolver práticas de mediação de leitura e visitas programadas a grandes livrarias e espaços culturais da cidade. Na Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, seu objetivo é promover o acesso à leitura literária por meio de ações que incentivem a formação crítica dos leitores, utilizando diversas formas de linguagens sociais e culturais. Bruninho também é  co-fundador do coletivo Encrespad@s, que se dedica à formação de professores e jovens para a promoção de uma educação antirracista, e integra a rede de Jovens Transformadores pela Democracia da Ashoka, trabalhando com jovens para promover o protagonismo e a liderança.


Dilson Maria Cardoso: “Não sou um herói, apenas tive oportunidades diferentes”


De poucas palavras e muitas leituras. Assim de autodefine o estudante do 4º no Curso de Língua e Literaturas em L. Portuguesa, na F. de Humanidades, UAN, Dilson Maria Cardoso, natural de Luanda, Angola. Seu relato sobre a impressionante experiência como fundador da Microleitor, uma plataforma que promove clubes de leitura, concursos literários, oficinas, residências e festivais no seu país, destacando o contexto atual de Angola, as dificuldades do acesso à leitura, escassez e altíssimo custo de livros, cenário que o motivou a criar uma série de projetos que fazem a diferença! Além da sua a função de coordenador e mediador do Clube de Leitura da Mediateca do Cazenga, por 5 anos, sendo um leitor dedicado à difusão das práticas de leitura em Angola. Ele destacou o contexto atual de Angola, as dificuldades do acesso à leitura, escassez e altíssimo custo de livros. Foi em meio a esse cenário, tão doslador comoi inspirador, que Dilson conseguiu superar barreiras para implantar um projeto durador. Ele também é gestor de projetos da Biblioteca Contr’Ignorância, coordenador do Handyman – Clube de Leitura, produtor do projeto Leituras Assistidas e coordenador da Residência de Mediadores de Clubes de Leitura e, paralelamente, promove encontros de escritores e leitores.


Julia dos Santos Oliveira: “o coletivo tem muito poder”


Julia sempre foi uma leitora voraz, desde cedo. Seu interesse pela mediação de leitura em presídios a levou a integrar o Projeto Repaginando, onde atua como mediadora de clubes de leitura em penitenciárias próximas ao município de São Carlos, promovendo o acesso à leitura e a transformação social em ambientes de reclusão. Além disso, participou de outros projetos voluntários e compôs a organização da Semana da Educação da UFSCar. Com fluência em inglês, Julia combina suas habilidades de comunicação com sua paixão pela educação, buscando promover mudanças em realidades diversas através da leitura. Estudante de Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ao longo da graduação, adquiriu experiência prática em estágios e no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), em sua fala, Julia falou sobre suas motivações de expandir ainda mais sua atuação, em níveis cada vez mais institucionais, e insiste:  “Sozinhos podemos ir a lugares, mas juntos podemos ir muito mais longe”, disse Julia.


Participantes do minicurso gratuito “Quais ferramentas de IA podem ser usadas em bibliotecas? ‘invadem’ espaços da Biblioteca de São Paulo

O minicurso apresentou como as ferramentas de IA que podem ser usadas em bibliotecas, para entender seus princípios operacionais e manipulá-las a fim de aproveitar seu potencial, com o objetivo de fornecer aos participantes uma experiência prática, a fim de que possam ter subsídios para dar suporte aos usuários e conscientizá-los sobre as questões éticas, sociais e ambientais levantadas pelo desenvolvimento da IA. A atividade envolveu mais de 80 pessoas. Formando pequenos grupos de trabalho, os participantes aproveitaram o espaço da BSP para discutir as principais questões éticas, sociais, teóricas e práticas levantadas pelo desenvolvimento da IA. 



A mediadora do minicurso, Marina Rabelo, enfatizou o simbolismo de estar na Biblioteca São Paulo para finalizar o ciclo do Seminário de 2024: "O lugar, o espaço, a beleza de tudo isso aqui nos faz acreditar no futuro das bibliotecas. Essa biblioteca carrega tanto a ideia de futuro, mas também a ideia de que é possível se fazer bibliotecas inovadoras no Brasil", disse. Ela ressaltou ainda a importância do evento: “uma oportunidade para abrir novas possibilidades de conexões, criar novas ferramentas e possibilitar o enriquecimento do  trabalho dentro das nossas bibliotecas.”, acrescentando: “Philippe Colomb, que trouxe para a gente, desde o primeiro dia do encontro, indagações e provocações para que a gente pensasse e refletisse sobre a inteligência artificial , nos fez debruçar sobre a Inteligência Artificial no Brasil para repensarmos sobre as nossas realidades, tão diversas e tão ricas", fianliza Marina. 

Após as apresentações dos grupos de trabalho, o palestrante fez uma conclusão e considerações finais, resumindo o que foi discutido e agradecendo a presença dos participantes. “Fico feliz em ver pessoas tão otimistas, é como respirar um ar fresco”, comenta Colomb, após as exposições dos resultados das discussões dos grupos.




Philippe Colomb é bibliotecário. Fortemente engajado em associações profissionais, ele é membro ativo do comitê para a liberdade de expressão e da liberdade de acesso à informação (FAIFE) da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). É co-fundador de Légothèque, a comissão de luta contra as discriminações da Associação Francesa de Bibliotecários (AbF) e da Seção de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bibliotecas (ENSULIB), também da IFLA. Ele é presidente do Comitê Francês Internacional de Bibliotecas e Documentação (CfiBD), membro do comitê de redação da revista "Bibliothèque(s)", e do escritório francófono da Inteligência Artificial para Bibliotecas, Arquivos e Museus (AI4LAM), a plataforma de intercâmbio e de trocas sobre inteligência artificial dos profissionais das bibliotecas, arquivos e museus.

Marina de Lima Rabelo é graduada em História e Biblioteconomia e mestre em História Social. Pertenceu ao quadro da Fundação Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, tendo atuado também na Biblioteca Demonstrativa em Brasília. Especialista em Gestão e Políticas Culturais e em Gestão de Políticas Públicas. Atualmente atua no Ministério da Cultura, como coordenadora do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.


Fotos: Ricardo Matsukawa