Webinar relaciona biblioteconomia e Semana de Arte Moderna de 1922
Postado em 21 DE julho DE 2021Nascido em Araraquara (SP) em 1899, Moraes, que estudou na Europa, faleceu em Bragança Paulista (SP) em 1986. Bibliotecário, bibliófilo e pesquisador, ele foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, embora não tenha participado da iniciativa por estar doente. Ele trouxe para o Brasil o conceito de espaço cultural que mais se aproximava, à época, das bibliotecas londrinas e da busca por uma identidade nacional para as bibliotecas.
Moraes conviveu com Oswald e Mário de Andrade, Tácito e Guilherme de Almeida, entre outros. E foram essas relações que o bibliotecário aposentado Antonio Agenor Briquet de Lemos abordou, de forma especial, em sua participação no evento. Formado pelo antigo curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional, em 1957, Briquet fez mestrado na Loughborough University no Reino Unido e foi professor do departamento de Biblioteconomia da Universidade de Brasília. Ele, que fundou e manteve editora com seu nome (de 1993 a 2017), compartilhou, no webinar, não só detalhes sobre a vida, cotidiano e trajetória de Moraes, mas também da sua própria e rica caminhada na biblioteconomia. Briquet salientou que havia um esforço de Moraes de entender o Brasil e construir uma identidade própria para as bibliotecas do nosso território. Moraes, que era muito crítico das bibliotecas públicas francesas, acreditava que elas estavam muito defasadas, no início do século XX, e defendia uma aproximação com o conceito desses espaços na Inglaterra, voltados para as classes pobres e localizados nos bairros. Briquet deu detalhes sobre publicações importantes, como a que deu título ao evento, e apresentou até o programa comemorativo do cinquentenário da Semana de Arte Moderna.
Tema de tese
A segunda a falar foi Silvana Arduini, que está atualmente concluindo o doutorado em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Em sua tese de doutorado, ela investigou a participação de Moraes na institucionalização da Biblioteconomia no Brasil. Desde 2015, Silvana está vinculada ao Grupo de Pesquisa em Biblioeducação e, atualmente, tem participado, na região de Campinas (SP), de projetos ligados ao livro e à leitura no desenvolvimento das cidades. Silvana, que rendeu homenagens a Briquet e Perrotti, apresentou algumas descobertas de sua pesquisa como o prefácio de Gilberto Freyre no livro "O problema das bibliotecas brasileiras", que resulta de transcrição de conferência proferida em 1943. E até cadernos que reuniam as leituras de Moraes.
Quem fechou os trabalhos foi Edmir Perrotti, que tem mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação, pela Universidade de São Paulo, onde atualmente é docente no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação. Perroti é idealizador da Rede de Bibliotecas Interativas, da Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo (SP), e pesquisador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra, Portugal. Para ele, Moraes deve ser lembrado como um brasileiro que tratou de temas fundamentais para a modernidade, como a criação - e as transformações - de uma cultura letrada no País.
Quem deseja saber mais sobre o assunto pode procurar por alguns dos títulos citados pelos palestrantes como "La Librairie Publique", de Eugene Morel, e a revista Klaxon. Perdeu esse webinar? O vídeo com a íntegra do encontro está disponível em nosso canal no YouTube. Há também outras oportunidades com temas diversos na programação do SisEB em nosso site. Confira e inscreva-se em http://siseb.sp.gov.br/agenda/. E lembre-se: vem aí o 12º Seminário Internacional Biblioteca Viva - Bibliotecas para todos nós, para hoje e para o futuro, de 2 a 6 de agosto, em formato on-line. Participe!