Informações para planejar a retomada são reunidas em webinar da FEBAB
Postado em 06 DE julho DE 2020O Prof. Dr. José Ricardo de Carvalho ressaltou o que a comunidade científica reúne sobre o tal vírus de alta transmissibilidade e a pandemia, compartilhando subsídios para essa abertura dos espaços que, na opinião dele, deve ser gradual, muito bem calculada e cuidadosa (pelo menos até que se chegue à vacina ou tratamento mais efetivo). Neste aspecto, ele ressalta os fatores essenciais da prevenção: a lavagem das mãos e o distanciamento físico, que não podem ser subestimados ou esquecidos. Em cerca de 20% das pessoas que contraem o vírus, os quadros são graves e com evoluções muito rápidas e o que se sabe até hoje é que essa gravidade tem relação com a resposta imunológica do organismo exacerbada à presença do mesmo, lembra ele. A suscetibilidade ao vírus tem sido estudada e ainda há incertezas sobre o que acontece com pacientes no pós-infecção e até sobre aqueles que podem ter algo geneticamente que não admita a contaminação, como acrescenta.
A importância da abertura das bibliotecas, como salienta o Prof. Dr., tem relação também com a manutenção da saúde mental daqueles que frequentam estes espaços. E não se pode deixar de pensar em duas populações em especial: a em situação de vulnerabilidade atendida e a de funcionários, diz ele. O uso das máscaras (com utilização adicional para quem trabalha de forma mais contínua no atendimento de uma de proteção facial inclusive) e o distanciamento de 1,5m a 2m entre as pessoas são condições que devem ser sempre lembradas, além do controle e a permanência do público nos espaços, a higiene dos locais etc. "Tudo tem indicado que a grande forma de transmissão é a oral, através das gotículas", mas José Ricardo alerta que o vírus pode ficar em suspensão no ar por até três horas em ambientes fechados, com pouca ventilação. Nos objetos, porém, ele sobrevive pouco, segundo os estudos citados pelo Prof. Dr., que apontam que no papel seria uma questão de horas. Ainda há muita incerteza em relação ao tempo em superfícies lisas, com acrescenta. Sobre o período ideal de quarentena de livros, por exemplo, ele cita como margem de segurança um período de sete dias. A questão do contato entre pessoas doentes e não há de ser ainda mais rigoroso, então se recomenda de 14 a 21 dias de isolamento, já que a transmissão do vírus se dá até três dias antes dos primeiros sintomas. Portanto, o acompanhamento dos contatos dos funcionários e das pessoas em situação de risco ao adoecimento grave também ganham ainda maior relevância neste panorama.
Por sua vez, Norma Cianflone Cassares abordou especificamente questões relacionadas com a guarda do acervo e enfatizou o que todas as fontes recomendam: se não houver regras claras em questões de segurança, não abra! Para ela, é importante considerar a instituição como um todo, não só as interações com o público externo, mas também avaliar até mesmo questões de higienização das áreas onde as pessoas e as coleções estão, a que público as atividades se destinam, a circulação etc. Norma cita, entre outras referências, o site do NCPTT (National Center for Preservation Technology and Training), com vídeos interessantes sobre o tema. E, com foco no planejamento da retomada, vem dela a orientação: determine quem é o responsável pelo plano de reabertura, qual a equipe que faz parte da constituição destas regras, como será o detalhamento destas etapas ("tenho que preparar os espaços físicos", diz ela, que acrescenta: "as coisas não vão retornar como eram antes"), estabelecer regramento para a volta e até mesmo conferir a disponibilidade de materiais necessários (como, por exemplo, de sanitização), além de instituir uma comunicação clara para todos. O manejo correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) também foi outro dos destaques em sua participação.
Por parte dos debatedores, ficaram os questionamentos específicos. Rosalena Scarpeline salientou o que o Conselho Regional de Biblioteconomia também vem reunindo de informações sobre o enfrentamento da pandemia e disponibilizando na página da entidade. Pierre André Ruprecht também trouxe dúvidas que chegam de todas as partes, fez um retrospecto das fases pelas quais as instituições passaram diante do enfrentamento (incertezas, busca de dados científicos para o planejamento etc.) e lançou ainda a desafiante questão sobre como será o futuro das bibliotecas, depois disso tudo. Para Pierre, fica claro que nenhum protocolo é totalmente reprodutivo de uma biblioteca para outra (devido à diversidade destes espaços, dos processos e das comunidades atendidas). "Por outro lado, é verdade também que temos muito o que aprender todos uns com os outros", diz ele, que acredita que cada uma das bibliotecas deva refletir partir da área e população que atende e redesenhar os seus processos e serviços. Isso tudo, porém, precisa, do ponto de vista do diretor executivo da SP Leituras, ser precedido por uma pergunta bem difícil de responder: "pra quem vamos abrir?". E continua: "e pra fazer o quê?".
Confira a íntegra do esclarecedor encontro online, que teve tradução em LIBRAS, clicando aqui. Quer mais informações sobre o assunto? Veja o que a FEBAB reuniu neste link. Importante acrescentar que o webinar contou com o patrocínio da ProQuest, revertido para a Paróquia de São Miguel Arcanjo (para fazer doações, há um QR Code disponível no vídeo do YouTube e também link diponível: https://www.oarcanjo.net/site/apoio-moradores-rua) e seu trabalho dirigido à população de rua.