Grades não prendem sonhos
Postado em 24 DE fevereiro DE 2023
Em um post nas redes sociais, a escritora piauiense Monique Malcher expressou a boa surpresa de receber uma carta de Ronaldo Ferreira, detento da Penitenciária II de Tremembé (SP). A correspondência revela o impacto que a leitura de Flor de Gume (Jandaíra, 2020) teve em sua vida, obra doada pela SP Leituras como parte do projeto Praler – Prazeres da Leitura. A resposta emocionada da escritora viralizou nas redes sociais e virou até matéria no portal de notícias da Rede Globo G1. “Li essa carta chorando muito, pois esse com certeza entrou para a lista de dias mais felizes de minha vida. Ronaldo ainda não sabe, mas vou responder a carta e enviar outras coisas para ele. Um escritor que no momento reside em Tremembé e tem muitos sonhos”, escreveu Monique.
Mesmo sem conhecê-lo, Monique acertou precisamente sua resposta. Ronaldo tem vários sonhos, mas mantém os pés bem fincados na dura realidade da vida dentro da prisão. Está ciente das dificuldades de um dia vir a ser um escritor, das limitações de acesso às oficinas literárias e até da possibilidade remota de cursar uma faculdade. Em uma entrevista por escrito para o SisEB, ele conta que mesmo sem formação específica resolveu escrever por conta própria e procura alguma pessoa corajosa e com tempo ou curiosidade para ler e avaliar seus textos. “Confesso que as palavras e a arte de conseguir se expressar e fazer com que o leitor tenha o mesmo sentimento de quem escreveu me fascinam e encantam.”
Apaixonado por literatura, Ronaldo diz se emocionar ao assistir programas sobre o tema na televisão, como o Metrópolis, Entrelinhas e Amores Expressos, além de matérias no programa do apresentador Luciano Huck. Entre os vários livros que já leu estão Ensaios sobre a Cegueira e Memorial do Convento, de José Saramago, Os Irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski, e O Amor nos Tempos do Cólera, na versão em inglês, de Gabriel García Márquez. “Não, nunca estudei inglês, mas sou teimoso. Tenho um dicionário escolar e decidi que não vou sair da prisão pior do que cheguei.”
Sobre a motivação para escrever a carta para Monique, ele diz que foi um misto de “impacto positivo, teimosia e curiosidade de saber e ter contato com alguém extramuros, que pense e acredite que mesmo de um lugar ruim possa advir algo aproveitável, nem que seja a atitude e a vontade de aprender.” Para finalizar, Ronaldo comenta que o projeto Praler aguçou nele sensações jamais experimentadas. “Tem sido realmente incrível. Se eu fosse mesmo um escritor conseguiria expressar aqui a gratidão e orgulho que sinto em saber que existem pessoas que amam o que fazem e o que fazem é simplesmente lindo.”
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