“Ler pode ser uma ponte para vários mundos”, diz Flávia Muniz
Postado em 17 DE setembro DE 2019Na última quarta-feira, dia 11, Flávia dedicou-se a contar a 60 estudantes com idade entre 11 e 13 anos, um pouco da sua trajetória profissional. Pedagoga, apaixonada por contos de fadas e cinema, ela enveredou por detalhes do seu processo criativo. Pipocavam perguntas da plateia: “Como você tem ideias? ”, “Como nasce um personagem? ”, “A escrita é fácil para você, ou precisa reescrever várias vezes? ”, “Você se inspira em alguém? ”.
As respostas foram chegando naturalmente, num diálogo construído com a fluidez da experiência da autora e com o interesse desses leitores mirins. Para Flávia, a criação da literatura fantástica convoca, primeiramente, as nossas memórias. “Todo mundo tem lembranças e histórias para contar...o relógio que batia as 12 badaladas na casa da avó”, exemplificou.
Mas a imaginação também se apoia em muita pesquisa, como foi o caso de sua obra mais recente O manto escarlate. Neste livro, lançado em 2017, Flávia teve como ponto de partida o célebre conto Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm. “Eu não gostava da história e procurei recontar a minha versão. Mas para isso pesquisei sobre florestas assombradas como as de Aokigahara, no Japão, e Hola-Baciu, da Romênia, sobre as mulheres, os costumes, as comidas, as profissões e a Inquisição na Idade Média”, disse a autora.
Segundo a escritora, foi difícil controlar a história, domar a imaginação e o projeto consumiu três anos. “Ouvir o ponto de vista de quem escreve é bem interessante, ver que tem dificuldades também”, disse Edgar Silva, 11 anos.
Flávia foi além das pesquisas de texto e imagens, e criou uma maquete com detalhes minuciosos da aldeia medieval de Finisterre, onde se passa a história que tem a jovem Sol como protagonista. “Mais importante que tudo é você ler o que gosta para se alimentar de palavras e estruturas e, assim, descobrir o escritor que há em você! Por favor, leiam! Ler pode ser uma ponte para vários mundos”, disse Flávia, cuja vivência positiva com os livros iniciou em casa e depois na Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, onde passava horas divertidas na infância. “O que eu mais gostei na fala da escritora foi que ela disse que a gente precisa aprender a olhar ao redor”, disse a aluna Beatriz Vitória Santos, de 12 anos.
Em tempos de revolução digital, a professora de Língua Portuguesa, da Escola Estadual Narbal Fontes, Simone Lopes, comemora a aproximação. “Viemos em busca da vivência da biblioteca, da experiência com os livros e com a literatura”, diz. Para a escola, a atividade é considerada multidisciplinar e, assim, justifica a presença de Cleonice, Edivaldo, Sônia, Valter e Lívia, professores de outras disciplinas também interessados em conectar a leitura, os livros e os jovens.
Ao final da manhã, os alunos estavam imersos no mundo da imaginação, exatamente como Flávia Muniz desejava e o Viagem Literária propunha.
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