O que é importante para escrever bem? Ler! - Viagem Literária

O que é importante para escrever bem? Ler!

A dica foi dada pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão na largada da 15ª edição do Viagem Literária.

 

O módulo inicial do Viagem literária, no dia 5 de julho, começou com boas e divertidas histórias contadas pelo jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão. Presente em várias edições do programa, o autor relembrou com carinho das muitas andanças que fez pelas diferentes cidades do estado de São Paulo. “Percorrer o interior é algo muito familiar para mim porque me tornei escritor dentro de uma biblioteca. Por isso, tenho o maior respeito pelos bibliotecários e paixão pelas bibliotecas”, conta.

 

Para ele, o Viagem Literária é uma oportunidade única para os escritores e contadores de histórias despertarem o amor pela leitura, especialmente em uma época em que os livros concorrem diretamente com as redes sociais, internet e videogames. “É de suma importância que os autores conversem diretamente com o público e as bibliotecas ofereçam atividades interessantes e atrativas para a população.”

 

Entre suas lembranças, o escritor destacou os principais temas de suas oficinas, como o processo de criação de personagens e onde busca inspiração para suas obras. Contou ainda a privilegiada aula que recebeu do escritor Nelson Rodrigues quando ainda era um novato repórter no jornal Última Hora. “Eu via o Nelson escrever um conto por dia e quando tive oportunidade perguntei para ele onde encontrava tanto assunto. E a resposta foi: ‘Eu olho pela janela, o assunto é a vida’.” Lição aprendida. Ignácio de Loyola Brandão olhou pela janela e escreveu o Brasil.

 

A última dica do dia foi em relação ao sucesso. Segundo o escritor, o caminho para conquistar um lugar ao sol em terras literárias é ter prazer em escrever e criar boas histórias. “O Itamar Vieira Junior, nosso novo Machado ou novo Jorge Amado, não pensa em sucesso e sim em escrever, transformando em linguagem os problemas que vê sobre as condições da sua terra, das mulheres e da negritude.”

 

Literatura Brasileira no XXI

O módulo inicial do Viagem Literária teve ainda a presença dos professores da Unifesp Luís Fernando Prado Telles e Pedro Marques. À dupla coube a missão de explicar a escolha do tema que irá embalar todas as 360 ações do programa: a Literatura Brasileira no XXI. Criado em 2008, como uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo e a SP Leituras, o projeto abrange oficinas de criação literária mensais realizadas alternadamente na Biblioteca de São Paulo e na Biblioteca Parque Villa-Lobos. O conteúdo gerado durante os encontros é publicado no site do projeto, que conta ainda com uma revista de artigos chamada Cadernos Acadêmicos.

 

Para o encerrar o evento, o diretor executivo Pierre André Ruprecht e a coordenadora de Programas e Projetos Vanessa Sousa, ambos da SP Leituras, explicaram aos participantes as premissas da nova edição do Viagem Literária, incluindo informações sobre os roteiros, as oficinas virtuais e as contrapartidas a serem respeitadas por parte das bibliotecas. Vanessa Sousa lembrou da importância de fazer a preparação de público promovendo ações com a bibliografia indicada para o evento.

 

Pierre André Ruprecht destacou a necessidade de dedicar atenção à divulgação do evento. “Além dos materiais enviados pela SP Leituras, é fundamental que as bibliotecas comuniquem os eventos nas redes sociais e sites, acionem a imprensa local e distribua os materiais em pontos estratégicos de grande circulação de pessoas.”

 

 

 

 

 

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Tributo à capoeira

Tributo à capoeira

São poucas as pessoas que conseguem transformar a paixão de vida em profissão. Esse é o caso do grupo Mandingueiras da Pracinha formado pelas contadoras de histórias, brincantes e capoeiristas Paula Castro e Camila Signorini. A dupla convidada a participar novamente do Viagem Literária comandou os espetáculos das bibliotecas de Ilhabela, São Sebastião, Biritiba Mirim e Suzano, de 22 a 25 de agosto. As apresentações foram baseadas no livro Em um tronco de Iroko vi a Iúna Cantar, de Erika Balbino. O tema da história já entrega o motivo da escolha. “O livro é sobre dois irmãos que conheceram a capoeira por meio de seres folclóricos, de deuses e entidades da natureza, trazendo recortes sobre a religiosidade afro-brasileira e afro-indígena. É uma aventura encantadora”, detalha Camila. Para a dupla, o Viagem Literária ao promover a aproximação das pessoas com o livro, a leitura e a literatura prova o quanto as bibliotecas são locais de  potência. “Além disso, com o processo de formação de público realizado antes das apresentações, aumenta a interatividade no decorrer do espetáculo, contribuindo com a inclusão de novos elementos no enredo e fazendo a aventura ficar muito mais divertida”, observa Paula. O grupo Mandingueiras da Pracinha atua desde 2017 com narrações de histórias, brincadeiras, vivências e oficinas. No último ano participou do Viagem Literária, da Hora do Conto da Biblioteca Pública de São José do Rio Preto e do Dia do Folclore de Brotas. Desenvolveu projetos contemplados no Edital ProAC Expresso e no Prêmio Nelson Seixas.    
Lições do mundo

Lições do mundo

Que lições as histórias trazem? Para os povos indígenas originários, as lendas, os contos e as tradições orais são uma forma de aprender o mundo. Ao participar do Viagem Literária, o escritor Cristino Wapichana fez questão de levar um pouco desses aprendizados para o público das bibliotecas de Garça, Bauru, Lençóis Paulistas e Botucatu, de 22 a 25 de agosto. Para o programa, selecionou três livros de sua autoria: A onça e o fogo, Sapatos trocados e Ceuci, a mãe do pranto. “O livro da Ceuci fala sobre algo muito valioso nos dias de hoje: o tempo. Ensina a vivermos o presente e sem ficar adiando as coisas”, conta o escritor. Uma das vantagens citadas por Cristino de participar do programa é poder mostrar para as pessoas como vivem os povos originários atualmente, afinal a imagem que muitos têm na cabeça ainda remetem há 200, 300 anos. “Somos pessoas ativas, desempenhamos várias profissões na sociedade, pagamos impostos e participamos ativamente da vida do país. Eu, por exemplo, além de escritor sou músico, cineasta e contador de histórias”, explica. Para ele, é importante a sociedade conhecer a diversidade dos povos originários para que sejam respeitados em sua cultura, no jeito de ser e de estar. “Só assim é possível conscientizar as pessoas para protegerem as matas e os rios e a defenderem as nossas terras, afinal somos todos iguais e compartilhamos do mesmo mundo.” Cristino Wapichana é patrono da cadeira 146º da Academia de Letras dos Professores da cidade de São Paulo. É autor de nove livros e vencedor de premiações relevantes, como o Prêmio Peter Pan, do Internacional Board on Books for Young People, e o Prêmio Jabuti. 
Mitos da criação

Mitos da criação

Contos que falam sobre a origem do universo e dos seres humanos deram o tom das apresentações da Cia. Koi, que percorreu as bibliotecas das cidades de Taubaté, São José dos Campos, Jacareí e Guararema, de 22 a 25 de agosto. Os espetáculos trouxeram para o Viagem Literária a delicadeza da arte japonesa de contar histórias chamada Kamishibai (teatro de papel), que mistura a narração com ilustrações artísticas. “Escolhemos as histórias de origem porque abordam temas essenciais à vida. Muito além da ciência, esses saberes ancestrais nos conectam com a nossa própria essência”, conta a atriz Andressa Giacomini. As encenações musicadas apresentaram os contos do livro Quando tudo começou, de César Obeid. Entre as histórias escolhidas estão o conto chinês O gigante Pan-ku, o conto indiano O sábio Manu e a história do povo originário brasileiro Karib em As criações de Purã. A obra está disponível para empréstimo na BibliON, a biblioteca digital gratuita de São Paulo. O grupo já é um velho conhecido do Viagem Literária e acredita que o programa é um momento único para conectar de forma lúdica e atrativa a literatura, os livros, as histórias, a arte e as bibliotecas. A Cia. Koi foi fundada em 2019, no município de Lins, pela atriz Andressa Giacomini e pela ilustradora Amanda Marques. Desenvolve projetos que circulam em bibliotecas, projetos sociais, escolas e festivais, sendo contemplada com vários prêmios, como Funarte RespirArte, ProAC e Aldir Blanc.