Frases engenhosas

Você já foi fisgado por uma frase de livro? Aquela sentença que ganha um grifo especial na página, vai parar nas suas redes sociais ou no caderninho de anotações? A escrita de frases marcantes existe técnica, estilo e aprendizado. É o que mostra o escritor Estevão Azevedo na oficina do Viagem Literária “A Frase engenhosa: prática de criação de prosa literária”, ministrada nas bibliotecas das cidades de Borborema, Bariri, Bocaína e Jaú, entre os dias 3 a 6 de outubro.
Para mostrar como é possível construir frases que se afastam da banalidade e prendem a atenção dos leitores, o autor selecionou algumas obras de referência, como Vida submarina, de Ana Martins Marques, uma das principais poetas da atualidade, e os romances A imensidão íntima dos carneiros, de Marcelo Maluf, e O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk, vencedor do Prêmio Jabuti, além de trechos de livros infantis. “A proposta dos nossos encontros foi produzir pequenas peças de ficção a partir de estudos de poemas e prosas contemporâneas. Usando exemplos reais, a aula apresentou os mecanismos para a criação de frases diferenciadas e mostrou como uma sentença bem estruturada faz uma grande diferença na construção e no resultado de uma obra”, comenta Azevedo.
Estevão Azevedo é mestre em Literatura Brasileira e editor. Publicou o livro de contos O som de nada acontecendo e o romance Nunca o nome do menino, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura. Em 2015, ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria romance por Tempo de espalhar pedras.

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Módulo Oficinas de Escrita Criativa está de volta
O módulo virtual Oficinas de Escrita Criativa inicia a segunda fase da sua jornada por 24 cidades do interior de São Paulo. Os eventos acontecem sempre em parceria entre as bibliotecas públicas e as prefeituras das cidades participantes e a proposta é estimular a formação de novos leitores e fortalecer os vínculos com a população local. A segunda fase acontece de 7 a 30 de novembro e vai agitar 36 bibliotecas do Estado de São Paulo com as ações culturais realizadas por nove escritores. As atividades visam aprimorar as habilidades literárias dos participantes, trocar ideias e proporcionar debates sobre a literatura brasileira contemporânea, eixo temático do evento. Confira abaixo os participantes, as oficinas e o cronograma das atividades: Semana de 7 a 10 de novembro de 2023 Bruna BeberOficina: Hilst, Prado e Alves7.11.23 | Buritama • 14h 8.11.23 | Ubarana • 14h9.11.23 | Birigui • 14h 10.11.23 | Avanhandava • 14h Livros da Bruna Beber disponíveis na BibliON: https://biblion.odilo.us/results?query=author:%22Bruna%20Beber%22 Michel Yakini-ImanTema: Literatura e oralidade nas periferias de São Paulo7.11.23 | Limeira • 14h 8.11.23 | Piracicaba • 14h9.11.23 | Santa Bárbara D’Oeste • 14h 10.11.23 | Itatiba • 14h Plínio CamilloTema: Em contos: foco no conto curto7.11.23 | Garça • 14h 8.11.23 | Bauru • 14h9.11.23 | Lençois Paulista • 14h 10.11.23 | Botucatu • 14h Reginaldo Pujol FilhoTema: Experimentação literária7.11.23 | Taubaté • 14h 8.11.23 | São José dos Campos • 14h9.11.23 | Jacareí • 14h 10.11.23 | Guararema • 14h Livros de Reginaldo Pujol Filho disponíveis na BibliON:https://biblion.odilo.us/results?query=author:%22Reginaldo%20Pujol%20Filho%22 Roberto Ferreira Tema: Dando corda ao cordel: oficina de criação literária7.11.23 | Votuporanga • 14h 8.11.23 | São José do Rio Preto • 14h9.11.23 | Tabapuã • 14h 10.11.23 | Catanduva • 14h SacolinhaTema: Crônica: a prima pobre que virou a prima rica da literatura brasileira7.11.23 | Barretos • 14h 8.11.23 | Paraíso • 14h9.11.23 | Jaboticabal • 14h 10.11.23 | Ribeirão Preto • 14h Semana de 21 a 24 de novembro de 2023 IlustraluTema: Desenhos que contam histórias21.11.23 | Valparaíso • 14h 22.11.23 | Dracena • 14h23.11.23 | Pacaembu • 14h 24.11.23 | Adamantina • 14h Semana de 27 a 30 de novembro de 2023 Edson KrenakTema: escrever com as árvores: Literatura, Escrita Criativa e Meio Ambiente27.11.23 | Pardinho • 14h 28.11.23 | Itapetininga • 14h29.11.23 | Sorocaba • 14h 30.11.23 | Alumínio • 14h Neide AlmeidaTema: Escrita criativa27.11.23 | Jundiaí • 14h 28.11.23 | Várzea Paulista • 14h29.11.23 | Pirapora do Bom Jesus • 14h 30.11.23 | São Paulo • 14h
Jogo de palavras
Imaginação e leveza textual não faltam nas obras de Sérgio Rodrigues. Foi exatamente esse olhar, cheio de criatividade, ginga e malícia, que o escritor levou para a oficina “A escrita, o jogo e o tempo”, nas bibliotecas das cidades de Franca, Batatais, Jardinópolis e Sertãozinho, entre 17 e 20 de outubro. A proposta dos encontros foi pensar a criação literária como um jogo. “É um espaço com lógica interna rigorosa, mas com regras que cabe a cada pessoa determinar por si mesma, com total liberdade, ao escrever. No entanto, uma vez fixadas essas regras, elas precisam ser seguidas até o fim. Nesse jogo, um dos pilares é a criação de um tempo interno próprio para cada narrativa”, descreve o autor. A dinâmica consistiu em apresentação e debate de ideias, na primeira metade da aula, e exercício textual proposto a todos os participantes, com leitura e discussão posterior. Diversas obras foram citadas ao longo da oficina, com destaque para o romance O drible, do próprio autor, e o livro de ensaios Formas breves, do crítico argentino Ricardo Piglia. Como dica aos escritores iniciantes, Sérgio recomenda ler, ler e ler. “Depois escrever, cortar, reescrever e continuar fazendo isso: nunca desistir. A diferença entre o fracasso e o sucesso nas letras tem diversos fatores, inclusive a sorte, mas o mais importante deles é sem dúvida nenhuma a persistência”, ensina. Sérgio Rodrigues é escritor, jornalista e roteirista de TV. Já lançou 11 livros, entre ficção e não ficção, com destaque para os romances O drible, Prêmio Portugal Telecom 2013 (atual Oceanos), e a Vida futura.
Tire os monstros para dançar
Monique Malcher não tem medo de cutucar seus monstros e a literatura foi uma forma de colocar todos eles para correr. Agora utiliza as fragilidades da vida pessoal como mote de suas oficinas de escrita criativa, como a “Monstruosidades e fraturas na infância”, ministrada pelo programa Viagem Literária nas bibliotecas das cidades de Barretos, Paraíso, Jaboticabal e Ribeirão Preto, de 17 a 20 de outubro. Os encontros proporcionaram aos participantes verdadeiros momentos de reflexão. “Eu já falei bastante sobre a monstruosidade em si, mas como gosto de escrever histórias com personagens infantis, achei legal juntar os dois temas e trazer para discussão as fraturas afetivas dessa fase”, comenta Monique. Para ajudar no processo criativo, a escritora usou como referência obras de mulheres latino-americanas, como as crônicas Como eu gostaria de ter perdido um olho, de Paloma Franca Amorim e o Rinha de Galos, de Maria Fernanda Ampuero, além de Flor de gume, da própria autora, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021, na categoria contos. Apaixonada por entender a mente e o comportamento humano, Monique acredita que a infância é um momento repleto de questionamentos sobre a vida adulta. “Só que quando chega a vida adulta é lá na infância que buscamos as nossas perdas, os nossos caos. Me incomoda muito que esses personagens violentos que a gente constrói nessa fase sejam nomeados como monstros. Será que a monstruosidade não está naquele corpo que a sociedade quer que se adeque? São questões como essa que foram debatidas ao longo das oficinas”, finaliza a escritora. Monique Malcher é escritora e ganhadora do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Contos. É também artista plástica, antropóloga e doutoranda com pesquisa voltada ao gênero, literatura e quadrinhos.

