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Alfabetização digital para os ODS nas bibliotecas de Joanesburgo: experiências que mudam vidas
As experiências das bibliotecas de Joanesburgo (maior cidade da África do Sul) foram o ponto de partida para a discussão sobre formas de apoiar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pautados pela ONU. Os ODS´s têm aspectos relacionados às bibliotecas em seus territórios e comunidades e marcam a atuação de muitas bibliotecas brasileiras com foco na Agenda 2030. Como as bibliotecas ajudam nessa missão, promovendo a educação de qualidade e sustentando diretamente a aprendizagem e compartilhamento de conhecimento?
A coordenadora do curso de
Biblioteconomia e Ciência da Informação da FESPSP, Valéria Valls, também
curadora do Seminário Internacional Biblioteca Viva, recebeu, no dia 30 de
junho, o gerente de e-learning das Bibliotecas e Serviços de Informação de
Joanesburgo, Jeff Nyoka, membro da comissão da Unesco para Comunicação e
informação para a África do Sul, para uma conversa sobre a jornada da
transformação digital nas bibliotecas sul-africanas e como as tecnologias
envolvidas nestas mudanças ajudam a chegar no desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, a mesa “Transformação
e alfabetização digital para os ODS: o caso das bibliotecas de Joanesburgo”
abordou questões de como colocar em prática um plano de ação que contempla
pontos importantes do Manifesto da Biblioteca Pública IFLA-UNESCO, vinculados
às bibliotecas físicas e digitais, tais como: as bibliotecas como espaços de promoção e apoio a atividades e programas de
alfabetização e habilidades de leitura midiática e como ambientes que ofertam
serviços presenciais e remotos para
democratizar o acesso ao acervo e programação cultural, física e digital, além
das temas relacionados a direitos autorais e propriedade intelectual no cenário de produção e disseminação de conhecimento.
As bibliotecas públicas de
Joanesburgo, África do Sul, são centros de educação, dando aos residentes acesso
a livros, revistas e materiais audiovisuais. Além do empréstimo de material, as
bibliotecas do município oferecem diversos outros serviços como alfabetização,
atividades para diversas faixas etárias, como palestras e exposições, contação
de histórias, apoio à sala de aula e propostas de convívio para população
local.
O objetivo das bibliotecas e serviços
de informação é proporcionar acesso para que seja promovida uma cultura de
leitura e aprendizagem. A alfabetização é algo que tem um efeito positivo em
toda a sociedade sul-africana e foi identificada como sendo de particular
importância. A África do Sul possui hoje cerca de 61 milhões de cidadãos, e
está dividida em nove províncias e conta, no total, com 1870 bibliotecas.
Joanesburgo, uma cidade multicultural e diversa, com cerca de 6 milhões de
habitantes, localiza-se na província de Gauteng e possui 88 bibliotecas.
“Estamos alinhados com as definições
do Manifesto, trabalhando formas de como as bibliotecas podem inserir as
tecnologias em suas atividades e colocando as informações disponíveis para as
pessoas", destacou Nyoka. Para ele, as bibliotecas públicas, como centro de
informação, devem existir no mundo digital e dar suporte e estimular a
cidadania inteligente.
“Nossos serviços estão aliados com as
práticas de "smart cities”, disse o gerente. A cidade de Joanesburgo expande este
conceito a diversos departamentos e serviços alinhados ao crescimento e
desenvolvimento. Aprendizado a longo prazo é uma proposta recorrente e é chave
porque cobre uma diversidade de serviços apresentados pelas bibliotecas e
serviços de informação à cidade.
Segundo Nyoca, o processo de
transformação digital significa o oferecimento de serviços híbridos, que
incluem o acesso à informação, conhecimento, aprendizado, atividades
recreacionais e suportes educacionais para todos os públicos. Em suma, serviços
que permitem ao cidadão se conectar e fazer parte do ecossistema digital. “Isso este conceito de transforamção digital como prioritário, uma vez que a tecnologia dá suporte aos outros tipos de alfabetização: informacional, midiática,
básica, tradicional e outras. Utilizar a tecnologia apoia outros tipos
de desenvolvimento intelectual”, concluiu.
A transformação digital em bibliotecas
é um conceito novo no ambiente bibliotecário e os principais desafios levam a questionamentos inevitáveis: como estamos introduzindo
as novas tecnologias de modo a adicionar valor às comunidades? O que você faz,
com o pouco que tem, para mudar vidas e sustentar serviços relevantes para a
comunidade? Por fim, como a transformação digital nas bibliotecas podem mudar a
vida das pessoas?
A experiência das bibliotecas de
Joanesburgo, segundo Valéria Valls, está muito próxima à realidade do Brasil e
pode inspirar bibliotecas brasileiras. Para ela, o acesso à informação e ao
conhecimento é um direito fundamental. E a biblioteca, em especial a pública,
tem um papel muito relevante nesse contexto.
“Somos um polo de conhecimento do
território, dando voz às comunidades por meio do acesso qualificado à
informação”, disse Valéria. Para a professora, a transformação digital na bibliotecas muda
vidas, trazendo uma reflexão sobre o Manifesto e a importância da biblioteca no
mundo pós-pandemia. “Não é
trazer o mundo para a biblioteca, é dar voz à comunidade para o mundo”, destacou.
Para saber mais sobre este tema,
confira a live na íntegra no canal do Youtube do SisEB.
O 14º Seminário Internacional
Biblioteca Viva aconteceu de forma 100% on-line. Todas as atividades estão
gravadas e têm tradução simultânea em português e Libras.
Veja a programação completa:
https://bibliotecaviva.org.br/.