Democracia cultural e desenvolvimento sustentável: desafios para a gestão pública - Biblioteca Viva
 

O evento aconteceu de

26 a 30 de junho de 2023

on-line no canal do
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do SisEB.


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Democracia cultural e desenvolvimento sustentável: desafios para a gestão pública

A relação entre a democracia cultural e o desenvolvimento sustentável apresenta desafios crescentes para a gestão pública, agentes da cultura e sociedade civil, e assume crescente importância e interesse tanto do ponto de vista conceitual como institucional.

A formulação de propostas para as possíveis articulações entre cultura, diversidade e desenvolvimento à luz do “Manifesto da BibliotecaPública IFLA-UNESCO 2022” foi o tema central da mesa-redonda "Democracia cultural e desenvolvimento sustentável", que abriu a 14ª edição do “Seminário Internacional Biblioteca Viva, na tarde desta segunda-feira, 26 de junho.

Afonso Borges, jornalista, escritor e gestor cultural, criador do programa “Sempre um Papo” e vice-presidente do Conselho da SP Leituras, conduziu um bate-papo afiado com a secretária da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Marília Marton, com a secretária Municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres e com o secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano dos Santos Piúba. Entre as mais variadas abordagens, uma perspectiva pareceu ser consensual: a cultura como elemento primordial para o desenvolvimento humano.

Piúba: fomento à leitura deve considerar a bibliodiversidade

Fabiano dos Santos Piúba tocou em questões relacionadas às políticas públicas do livro, da leitura e das bibliotecas públicas, comunitárias e escolares. Para o secretário, a democratização do acesso ao livro, à leitura e à literatura não se limita ao acesso ao livro, mas principalmente à promoção da literatura brasileira e fomento dos processos de criação, formação artística, difusão, circulação e intercâmbio literário em território nacional.

Nesse sentido, Piúba discorreu sobre algumas ações do governo para retomar as políticas de leitura e implementar o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). Entre as principais prioridades, ele destaca a modernização das bibliotecas, a recuperação de bibliotecas públicas fechadas e a promoção da bibliodiversidade na aquisição de acervos para bibliotecas. Para incentivar essa diversidade, a Secretaria lançou em abril deste ano, por exemplo, o Prêmio Carolina Maria de Jesus, que selecionará 40 obras inéditas escritas por mulheres, com o valor de R$ 50 mil para cada uma das agraciadas. O edital estabelece cotas importantes, como 20% no mínimo para mulheres negras, 10% para mulheres indígenas, 10% para mulheres com deficiência, 5% para mulheres ciganas e 5% para mulheres quilombolas. O MinC prepara outros diversos programas e editais para incentivar democratização da leitura e formação artística.

Secretária da Cultura do Estado de São Paulo, Marília Marton defende o fortalecimento profissional da cadeia da Literatura

Para a secretária da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Marília Marton, falar sobre a democratização da cultura remete à reflexão sobre diversos aspectos. O encontro do cidadão com a leitura, por exemplo, traz para o debate a grande responsabilidade dos profissionais do setor da literatura, que precisam ser capacitados para garantir uma boa experiência do público com a linguagem da literatura. “Precisamos entender que a biblioteca é um espaço público que deve ser consumido pelas pessoas”, diz a secretária, acrescentando: “A biblioteca socorre a vulnerabilidade, é um espaço essencial, um dos primeiros lugares de contato do indivíduo com a leitura, por isso, o cuidado para que os profissionais estejam preparados". Assim, dentro do conceito da democratização, Marília também chama a atenção para o fato de que a biblioteca é também um lugar de produção, não só do silêncio, mas um lugar de convívio, de onde pode sair grandes produções.

“Atrair público é democratizar as bibliotecas de maneira sustentável”, diz secretária Municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres

Trazer um olhar para a periferia, fomentando os equipamentos literários numa perspectiva de descentralização da cultura, é um dos grandes desafios para uma cidade como São Paulo, que possui atualmente uma rede com 106 bibliotecas municipais, sendo que 53 delas fazem parte da Coordenaria de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura. Para a secretária Aline Torres, atrair o público e gerações mais jovens para as bibliotecas públicas, que são verdadeiros espaços de convivência e de cultura, constitui o verdadeiro sentido da democratização: “Nossa missão é sempre a de formar o leitor”, afirmou. A secretária cita, por exemplo, as bibliotecas temáticas - inúmeras na cidade, dedicadas à cultura popular, afro-brasileira, de música - , onde acontecem oficinas, contação de histórias e outras atividades que possibilitam trazer ao público o principal ativo das bibliotecas - o livro -  por meio de outras linguagens. Segundo Aline, valorizar a cultura como um todo, incluindo as diversas manifestações culturais às bibliotecas, é uma das principais pautas da gestão municipal atual: "Fazemos e organizamos aquilo que o público quer", enfatizou a secretária.

Assista a gravação do encontro na íntegra em nosso canal no YouTube. O 14º Seminário Internacional Biblioteca Viva acontece de forma 100% on-line. A participação é gratuita e todas as atividades têm tradução simultânea em português e Libras.

Confira a programação completa: https://bibliotecaviva.org.br/.