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Mesa enfatiza bibliotecas como lugares de construção da democracia

Diferentes mundos se
encontram na biblioteca. A mesa-redonda “Bibliotecas e comunidades: escuta,
mediação e acolhimento”, desta terça-feira, 3 de agosto, que aconteceu durante
o 12º Seminário Internacional Biblioteca Viva, trouxe experiências
significativas nos desafios das relações das bibliotecas com as comunidades em
tempos pandêmicos, em um cenário de incertezas no campo político e
institucional brasileiro.
Os palestrantes Márcia
Licá (Associação Vaga Lume), Marilena Nakano (Rede Beija-flor de Pequenas
Bibliotecas Vivas de Santo André) e Ronaldo de Almeida (Unicamp), mediados por
Amanda Leal de Oliveira (Piracaia na Leitura / Instituto Cultura Etc) fizeram
um paralelo, em seus diferentes relatos, no contexto de diversos territórios do
Brasil, sobre o papel cada vez mais atuante das bibliotecas nas questões,
necessidades e conflitos das comunidades – territórios de disputas e contradições,
com coisas belas, mas também tensas.
“Bibliotecas
são lugares de construção da democracia.” Marilena Nakano
“Afinal, na perspectiva de uma Biblioteca Viva, os conflitos entram dentro da biblioteca, uma oportunidade de democracia!”, enfatizou Marilena Nakano, organizadora da Rede Beija-flor de Pequenas Bibliotecas Vivas de Santo André, parceira da SP Leituras e do SisEB. Marilena Nakano lançou uma provocação ainda melhor, com uma pergunta ao público de 350 participantes do encontro, de 149 municípios e 23 estados diferentes: “Biblioteca Viva é lugar de fazer política? Se sim, qual é esta política?”. Parte da resposta já foi dada pela própria Marilena. “Não estamos falando de política partidária.”.
“Bibliotecas vão até as casas das pessoas: fisicamente fechadas, mas abertas
no coração de cada um.” Márcia Licá
Continuidade e
fortalecimento de uma rede potente de conexão que opera em 22 municípios da
Amazônia Legal, em 86 bibliotecas comunitárias,tendo como um dos seus focos a
formação de mediadores de leitura – até hoje, são quase 5 mil formados. Este
foi o desafio da Associação Vaga Lume, cujo propósito é o de emponderar
crianças de comunidades rurais da Amazônia a partir da promoção da leitura e da
gestão de bibliotecas comunitárias como espaço para compartilhar saberes.
As premissas de realizar
um trabalho contínuo e permanente a partir de um território tão diverso, além da
crença de assegurar direitos básicos, como a segurança e o direito ao livro,
permitiram à Associação Vaga Lume restabelecer rapidamente os vínculos e
diálogos com as comunidades locais durante a pandemia. “Nossa primeira ação, no início da pandemia, foi promover ajuda
humanitária, com o fornecimento, inclusive, de máscaras para a população.”,
relata Márcia Licá, que atua como educadora em programas da ONG.
As ações de entregas de
livros e materiais físicos para estender o corpo da biblioteca para a casa das
pessoas, em razão da dificuldade de acesso à internet na região, também
garantiram a continuidade do curso de formação de mediadores de leitura, com a
gravação e distribuição dos conteúdos dos cursos em suportes físicos (pen drives). “As
bibliotecas podem estar fisicamente fechadas, mas estão abertas no coração de
cada um.”, conclui Márcia Licá.
Fechando a mesa, o
professor no Departamento de Antropologia da Unicamp, com experiência na área
de Antropologia da Religião e Antropologia Urbana, Ronaldo de Almeida, fez uma
análise sobre os conceitos e dinâmicas de acolhimento e enfrentamento no âmbito
de diversos campos, como o da Política e o da Religião, temas transversais às
bibliotecas e aos medidores da cultura que atuam na área de livros e
literatura.
Assista o bate-papo na
íntegra pelo canal do YouTube do SisEB.