Ilustração: Graziella Mattar
   
         
 

 

Hora de pensar no futuro

Anhumas inova e sanciona lei que assegura recursos para bibliotecas e outros espaços de leitura


Muitos municípios paulistas têm novos prefeitos desde o início do ano. Como é natural, acontece também uma renovação no quadro de secretários e gestores municipais em diferentes níveis. Essa troca de comando faz parte do processo democrático e traz novos protagonistas que conduzirão as políticas públicas nas nossas cidades. É a hora das novas ideias e de novos projetos.

Na edição anterior de Ideia Simples, fizemos um apelo para que falemos mais sobre bibliotecas. Este diálogo é muito importante para que coletivamente consigamos mudar percepções equivocadas sobre um dos equipamentos públicos mais enraizado na memória afetiva da população e apropriado para interagir com a comunidade.

As bibliotecas que estão acompanhando o seu tempo são frequentadas por gente de várias idades e perfis, de interesses e especialidades diferentes, que buscam inspiração e conhecimento para equilibrar sua relação com o mundo em que vivem.

E definitivamente não são mais focadas em estantes e livros: são centradas em pessoas que utilizam diferentes plataformas, suportes e meios de difusão do conhecimento. São multiculturais, valorizam todas as formas de expressão da arte universal e da cultura local, produzem e disseminam novas ideias e saberes.

Claro que o público precisa encontrar acervos atualizados, profissionais capacitados, ambiente acolhedor, seguro e propício à aprendizagem para que façam uso recorrente de seus serviços. Tudo isso faz uma biblioteca viva, inserida dentro de uma política municipal que valoriza o direito do cidadão para melhorar a qualidade vida de toda comunidade.

O Manifesto da IFLA/Unesco define que a responsabilidade sobre bibliotecas públicas é dos governos municipais e nacionais e que deve ser objeto de uma legislação específica e financiada pelo poder público como estratégia de longo prazo para promover gratuitamente a cultura, o acesso à informação, à alfabetização e à educação.

O município de Anhumas, distante 560 km da capital, tem menos de 5 mil habitantes e uma lei que institui seu Plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura. Uma das primeiras no Estado de São Paulo.

Sua origem está na pesquisa realizada pelo Departamento de Cultura e Turismo que constatou que 71% dos entrevistados gostam de ler, 36% frequentam a biblioteca pública municipal, mas apenas 24% fazem empréstimos de livros. A conclusão é simples: se as pessoas gostam de ler, mas poucos frequentam a biblioteca e apenas uma parte retira livros, algo precisa ser feito para melhorar o acervo, incentivar a frequência e estimular a leitura e o empréstimo de livros.

Portanto, a lei municipal aprovada em Anhumas é um passo decisivo para iniciar um processo de mudança política e cultural na cidade. Ao assegurar dotação orçamentária adequada e compatível para aquisição, renovação e manutenção de acervos, bem como para o desenvolvimento de ações, programas e projetos de estímulo à leitura, a municipalidade aposta na melhoria da relação entre poder público/biblioteca/espaços de leitura/cidadão.

Como já aconteceu em muitos lugares do mundo, os resultados positivos certamente virão.

É uma ideia simples e um bom exemplo a ser seguido.

Conheça a Lei nº 562, de 15/12/16, que institui o PMLLL de Anhumas.