Bibliotecas inclusivas acolhem diferenças

Acessível é aquela que em todos os ambientes, eventos e serviços atende em igualdade de condições todas as pessoas


Por Renata Andrade*

O conceito de biblioteca pública surgiu em um período humanista em que a democratização do acesso ao conhecimento se mostrou fundamental na construção de um mundo mais justo, livre e fraterno. Nos dias atuais, o desenvolvimento social ainda depende do desenvolvimento de cada cidadão. Sem acesso à informação e ao conhecimento, a capacidade de reflexão crítica, fundamental para o exercício da cidadania, fica comprometida.

O aspecto coletivo e seu componente social, cultural e educativo, torna a biblioteca em uma instituição-chave para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Quando democratizada, oferece às pessoas a possibilidade de desenvolver suas capacidades e participar do progresso da comunidade em que estão inseridas. Assim, a biblioteca pública se apresenta como importante ferramenta social que favorece a inclusão, a igualdade e o respeito aos direitos de todos.

Para que a biblioteca pública cumpra esta missão, ela deve ser capaz de garantir que todos os usuários possam acessar e desfrutar de seus serviços, independente de características sociais, funcionais, geracionais, étnicas, sexuais ou de qualquer outra natureza. Isso significa que uma biblioteca inclusiva respeita as singularidades dos seus diferentes públicos.

Reconhecer a diversidade do público é o primeiro passo para eliminar as barreiras, inclusive atitudinais, para promover serviços que atendam às reais necessidades dos usuários.

É importante destacar que ser acessível é diferente de oferecer recursos de acessibilidade, como produtos de tecnologia assistiva, livros em braile e em formatos digitais, ou seja, não basta realizar modificações físicas nos edifícios. É necessário disseminar uma mudança nas percepções e nas concepções do funcionamento e organização de cada biblioteca a partir do seu contexto e da realidade de seu entorno.

Uma biblioteca acessível é aquela que em todos os ambientes, eventos e serviços atendem em igualdade de condições todas as pessoas. Não oferece soluções segregadas, mas um atendimento especializado, que acolhe as diferenças. Esta é a diferença fundamental.

Na concepção inclusiva, os serviços são tão importantes quanto o espaço, mas estes podem e devem sair dos limites da biblioteca, indo ao encontro de quem mais precisa e que nem sempre pode ir até ela.

Parcerias institucionais, programas de estágio, de voluntariado e outras estratégias podem tornar esses serviços alternativos e/ou complementares possíveis, mesmo diante de pouco recursos.

Veja aqui algumas sugestões praticas para tornar sua biblioteca mais inclusiva.

Renata Andrade é especialista em Acessibilidade, Desenho Universal e Gestão Inclusiva da Diversidade. Mestre em Tecnologia e Inclusão pela UNIFESP. Pós-graduada em Tecnologia Assistiva para Inclusão e Gestão da Diversidade Funcional pela Fundação Don Carlo Gnocci de Madrid e em Gestão de Recursos Humanos pela FIRB.