Reciclar ou cambiar?

O descarte de livros em mau estado, deteriorados pelo uso, com pequenos defeitos ou desatualizados corta o coração da maioria das pessoas. Nessa hora, surge uma oportunidade de ouro para quem gosta de ler livros bons e baratos

Toda biblioteca tem, ou deveria ter, uma política de desenvolvimento de coleções, a qual prevê práticas como descarte, conservação e melhoria de acervos. São critérios internacionalmente consagrados. Clique aqui para saber mais.

Como qualquer outro bem de consumo, livros precisam ser substituídos periodicamente para manter a qualidade do conjunto. Uma parte, devido ao intenso manuseio, chega ao fim da linha: se deterioram, rasgam, sujam ou ficam contaminados por fungos, traças e resíduos não identificados. São prejudiciais à boa leitura, à saúde dos leitores e aos demais livros da biblioteca. Já cumpriram sua missão e, neste caso, a solução precisa ser radical: reciclagem.

Mas sempre tem obras que apresentam pequenos defeitos de edição, de impressão ou estão com folhas soltas, conteúdo desatualizado, ortografia antiga ou têm baixa procura pelos usuários típicos da biblioteca. São livros que, com um pouco de desprendimento, podem proporcionar horas de leitura prazerosa e trazer novos conhecimentos ao leitor. Também tem aqueles que chegam por meio de doações, mas não se encaixam na linha temática da biblioteca. Por exemplo, livros sobre engenharia e economia não despertam a mínima atenção numa biblioteca focada em literatura infantojuvenil. Esses também devem ir para reciclagem?

É a hora do câmbio!

Muitas bibliotecas encontraram ótimas soluções para dar sobrevida e novos leitores aos livros rejeitados. Eles são expostos em um espaço próprio para que os frequentadores vejam, examinem e se sintam motivados a fazer trocas com livros que já leram ou que precisam se desfazer. É uma ideia simples, que funciona e que sempre encontra pessoas interessadas. Afinal, economistas e engenheiros também levam filhos às bibliotecas, não é mesmo? A existência de milhares de sebos em todo o país revela o gosto dos leitores por livros usados. E “feiras do rolo” também estão em toda parte. Portanto, cambiar livros é legal, interessante e lúdico. É quase uma brincadeira para gente de todas as idades. “E que multiplica recursos escassos”, como diria o economista.

Em Guararema, a Estação Literária Professora Maria de Lourdes Évora Camargo criou o Câmbio na Estação. É uma ação para estimular a troca de livros usados entre seus frequentadores e um exemplo de parceria bem-sucedida entre a biblioteca, associados e comunidade.

Além daquelas que precisam ser descartadas por questões técnicas, muitas obras em bom estado e de boa qualidade literária chegam por meio de doações. Muitas vezes os pessimistas são surpreendidos pelos mais desapegados: vários lançamentos aparecem antes na prateleira de trocas do que nas estantes da biblioteca.

Acabe com o dilema que sempre aparece na hora do descarte. Recicle apenas exemplares que podem causar danos à saúde. Crie uma feira de troca de livros usados na sua cidade ou biblioteca com aqueles que ainda podem ser úteis para alguém. Defina alguns critérios e reforce o acervo para troca fazendo uma campanha de captação de livros usados na sua comunidade. Cause impacto nas pessoas com esse novo serviço. Dê oportunidade de leitura para quem gosta de livros, mas tem dificuldade para compra-los. Dê vida longa aos livros e mais conhecimento ao cidadão da sua cidade.

Câmbio! Prossiga: dê mais vida à sua biblioteca!